Nas profundezas do oceano, deveria haver apenas a beleza da vida marinha. Porém, as águas recebem, por ano, pelo menos 25 milhões de toneladas de resíduos.
A informação alarmante faz parte de um estudo coordenado pela ISWA (Associação Internacional de Resíduos Sólidos), que revisou a literatura mundial sobre poluição marinha. Para chegar à esse dado, foi levada em conta estimativas sobre a quantidade de resíduo que não é coletada no mundo (algo entre 500 milhões e 900 milhões de toneladas). A ISWA cruzou esse dado com o mapeamento de pontos de descarte irregular em cidades perto do mar ou de corpos hídricos.
A maior parte dos materiais descartados incorretamente poderia ser transformada em matéria-prima para novos produtos, devido ao grande potencial de reciclagem.
No Brasil, a metodologia foi adaptada pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) — braço da ISWA — em território brasileiro. A instituição concluiu que, no país, pelo menos 2 milhões de toneladas de lixo podem chegar aos mares. Se todo o resíduo fosse espalhado, o montante ocuparia a área de 7 mil campos de futebol, estimou a Abrelpe.
A problemática de lixo no oceano está presente em quase todas as áreas costeiras do mundo, alertam especialistas, o que vem trazendo desequilíbrio tanto para a fauna e flora marinhas e comprometendo esse recurso vital para a humanidade.
Salve os oceanos
Além de exercer o consumo consciente para menor geração de lixo, e descartar corretamente os resíduos para que, aquilo que possa ser reciclado seja, algumas outras ações ajudam a salvar os oceanos.
Os oceanos absorvem mais de 25% das emissões de CO2 (dióxido de carbono) geradas pelo homem. A situação resulta na “acidificação” das águas marinhas, fenômeno que ameaça grande parte das espécies. O enfrentamento ao problema está na mesma ação para combater as mudanças climáticas: reduzir as emissões de CO2.
Para fazer a sua parte nessa contribuição, opte por se deslocar de bicicleta ou transporte público em vez de usar o carro, por exemplo. Outra medida que auxilia na questão é diminuir o consumo geral de energia, usando fontes de energia “verdes”, como energia solar e eólica.
Fazer escolhas mais conscientes sobre o que comer e o que comprar também é um meio de ajudar.
Por ano, 4,5 trilhões de bitucas de cigarro são jogadas no lixo em todo o mundo e muitas delas vão parar no mar. Os filtros do produto têm em sua composição milhares de substâncias químicas, que podem matar peixes marinhos e de água doce. Se você fuma, jogue a bituca na lata de lixo.
Com a demanda global por peixe crescendo a cada ano, locais de pesca em todo o mundo estão entrando em colapso por conta de práticas pesqueiras insustentáveis. Ao comprar peixe, certifique-se se trata de peixe capturado ou criado de forma ambientalmente responsável.
Se você possui o hábito de jogar no vaso sanitário os resíduos das caixas de areia dos gatos, saiba que o ato compromete — e muito — os oceanos, pois eles vão parar no mar ao longo da cadeia de esgotos.
Na compra da ração, certifique-se de que o produto está livre de ingredientes que não sejam ambientalmente responsáveis.
Se tiver um aquário, evite comprar peixes de água salgada capturados de ambientes silvestres. Ainda nessa questão, nunca solte peixes de aquário, que não são nativos da região, no mar. Embora possa parecer uma ação favorável ao meio ambiente, a iniciativa pode ter impactos negativos consideráveis para a vida marinha nativa, segundo recomendações da ONU (Organização das Nações Unidas).
Infelizmente, não é incomum caminhar pela praia e avistar grande quantidade de lixo por toda a extensão. Que tal reunir a família e os amigos e coletar os materiais que encontrarem pelo caminho? Descarte-os de maneira sustentável para que os resíduos não cheguem, por uma segunda vez, ao mar e propague a ideia e a importância do descarte correto para todas as pessoas que conhece. Assim, o mar vai ficando cada vez mais livre desse tormento e a vida marinha agradece!