Vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês) publicou um estudo no qual foi comprovado que a poluição atmosférica é cancerígena. Em 2010, aproximadamente 223 mil pessoas morreram devido a tumores no sistema pulmonar resultado de grande exposição às substâncias tóxicas presentes no ar.
“Respirar provoca câncer, simples assim”, é o que afirma o grupo consultivo multidisciplinar de cientistas reunidos pelo Programa de Monografias da IARC, pois, principalmente, em grandes áreas urbanas, os ventos concentram grandes quantidades de gases venenosos, como dióxido de carbono (CO2), provenientes de atividades industriais e usinas energéticas, e de material particulado (PM2,5), gerado pela queima incompleta de combustíveis fósseis, processo comum em automóveis.
De acordo com o Índice de Qualidade do Ar (AQI), a metrópole chinesa de Pequim apresenta quadro perigoso. Coberta por nuvens de fumaça espessa, a área central da região teve visibilidade restrita a 300 metros. Porém, de acordo com uma pesquisa publicada pela Agência de Ambiente Europeia (EEA), até as cidades desenvolvidas do continente registram ventos com altos índices de componentes nocivos, expondo 90% da população a riscos de saúde.
Ressaltando que os setores de transportes, indústria e agricultura são os principais responsáveis pela emissão de poluição, o estudo feito pela IARC analisou mais de 100 agentes cancerígenos, como amianto, plutônio, poeira de sílica, radiação ultravioleta e cigarro, e chegou à conclusão de que todas as partes do mundo demonstram condições atmosféricas em estado nocivo.
Elementos como fuligem disseminada por veículos de motores a diesel, solventes, poeiras e metais também são danosos à vida humana e a saúde ambiental, portanto foram incluídos à pesquisa. Conforme cientistas da EEA, além de causar complicações ao sistema respiratório, os materiais examinados podem gerar doenças cardiovasculares e câncer de bexiga.
Após fornecer um panorama geral sobre a qualidade do ar em escala global, o relatório pretende alertar aos governos sobre a urgente necessidade de desenvolver medidas para conter as dispersões de poluentes e os perigos e custos infligidos por uma epidemia de câncer.