O setor de agronegócio no Brasil, o qual administra a demanda de produção de alimentos, tende a apresentar ascensão paralelamente ao crescimento da população. Quanto mais esse índice aumenta, o agronegócio precisa acompanhá-lo para suprir as necessidades de consumo da sociedade. E para que tudo seja possível, o mercado precisa manter o nível de qualidade das commodities (grãos) a partir de pesquisas e investimentos em novos métodos de prevenção e combate a pragas, além de fertilizantes adequados para favorecer o crescimento saudável desses vegetais.
Um exemplo de avanço é o trabalho do Instituto Biológico (IB), instituição credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que realiza estudos sobre a incidência da Helicoverpa armigera, praga identificada no Brasil pela primeira vez em 2012 e que atinge cerca de 180 espécies de plantas no mundo. Encontrada até o momento em Goiás, Bahia, Mato Grosso e no Sul do Brasil, a lagarta tem causado muitas perdas para as lavouras brasileiras. Estima-se que na Bahia os prejuízos chegam a R$ 2 bilhões, devido à ocorrência nas culturas da soja e algodão.
Por ser uma espécie polífaga, ou seja, que come várias espécies de plantas, como soja, algodão, citros, café e hortaliças e ainda muito semelhante com a Helicoverpa zea – lagarta encontrada na cultura do milho – as análises específicas são importantes para diferenciá-la e aplicar procedimentos adequados de controle de número da Helicoverpa armigera. Segundo Antonio Batista Filho, diretor-geral do Instituto Biológico, aplicar mais agrotóxicos não é a solução, é preciso adotar o manejo integrado com estudos que identificam qual componente químico, em dose específica, consegue barrar a proliferação da espécie.
O cuidado com as pragas na lavoura é imprescindível, mas a escolha pelos fertilizantes também é fundamental para promover o crescimento saudável dos vegetais. De acordo com Ricardo Carreon, socio-diretor da Aminoagro, uma estratégia que favorece os bons resultados nas lavouras é o uso dos fertilizantes foliares, aqueles aplicados diretamente nas folhas das plantas. Por fornecerem mais nutrientes, deixam a planta mais resistente e diminui a necessidade de aplicação de defensivos agrícolas, como inseticidas e fungicidas.
Relação do agronegócio e sustentabilidade
Além das estratégias de manutenção das matérias-primas, é interessante saber de que forma o milho, soja e outros extratos vegetais contribuem para desenvolvimento do mercado de combustíveis no país. E a cana de açúcar é o exemplo da principal matéria-prima da produção de biocombustíveis. Para André Monaretti, sócio-líder do setor de Agronegócio da KPMG (empresa de auditoria contábil) no Brasil, “a produção de biocombustíveis estagnou no mundo desde 2010. Apenas no Brasil há uma previsão de crescimento, com o cultivo de cana de açúcar ultrapassando nove milhões de hectares de área plantada, em 2015”.
Com o país investindo em etanol já é possível traçar um diagnóstico prévio do avanço do setor de agronegócios, relacionando o produto com a redução de impacto ambiental, pois o ciclo do plantio do etanol praticamente neutraliza as emissões de CO2 na atmosfera por se tratar de uma matéria-prima vegetal a qual no seu processo de crescimento já sequestra gás carbônico. Dessa forma, as tecnologias que propulsionam o avanço do agronegócio e sustentabilidade transformam posteriormente também o cenário brasileiro o qual busca alternativas de redução de impactos ambientais.