Infelizmente, após sofrerem maus tratos ou simplesmente serem capturados e mantidos em cativeiro por humanos, muitos animais perdem as habilidades que antes permitiam a eles estar na companhia de seus iguais de forma livre e saudável. Este processo doloroso multiplica prejuízos à nossa fauna e explicita a crueldade de interferir no equilíbrio e no desenvolvimento natural de outros seres.
Os felinos são considerados as maiores vítimas pelos especialistas. Quando criados em cativeiro desde bebês por caçadores que, muitas vezes, abateram suas mães, esses animais encontram dificuldades certas vezes intransponíveis em seu regresso ao ambiente natural (mesmo quando passam por tratamento específico para a readaptação).
Para sobreviverem teriam de ter aprendido a caçar e a lidar com as condições climáticas de seu habitat desde pequenos. Aprender depois de anos exilado de seu ambiente natural é uma tarefa nada fácil.
Outras vítimas frequentes são as aves que, quando presas ainda pequenas em gaiolas, acabam por não adquirirem a musculatura necessária à prática de voos mais prolongados. Acabam, assim, tendo de ser literalmente ensinadas a voar. Precisam também aprender a caçar, a procurar o seu próprio alimento. Algumas, porém, mesmo com todos os ensinamentos disponíveis, simplesmente não conseguem sair da condição do cativeiro por terem se habituado à presença humana.
Por todas essas dificuldades, o caminho enfrentado pelos animais que foram capturados e mantidos em cativeiro na direção de uma verdadeira liberdade é árduo e os casos de sucesso muito comemorados.
Ter consciência destes prejuízos é muito importante, já que muitas vezes a captura desses bichos é realizada imaginando-se que, caso a empreitada de manter o animal não se mostre interessante, bastará soltá-lo novamente no local de onde veio, e que esta é uma solução simples. A realidade, como se observa, é bem diferente. O período do cativeiro, dependendo das condições em que o animal for mantido, pode trazer danos e sequelas irreversíveis.