O Rio Pinheiros costumava ser um local de lazer em São Paulo. Mas devido à urbanização desenfreada e sem planejamento, hoje o rio é considerado biologicamente morto e o que impera é o mau cheiro provocado pelo gás sulfídrico, o que afeta a saúde pública e pode ser perigoso para as margens.
Desde a década de 1970 esforços são feitos para contornar a poluição de suas águas, tanto que foi criado o Projeto SANEGRAN, que visava dotar a capital e municípios vizinhos de um parque constituído de estações de tratamento que atendessem as contribuições dos esgotos domésticos e despejos industriais.
De lá para cá, todas as tentativas fracassaram ou tiveram resultados negligenciáveis, porque os desafios são imensos, tanto políticos quanto tecnológicos. Em 2001, a prefeitura testou um projeto de despoluição pelo sistema de flotação, que consistia em injetar produtos químicos e oxigênio na água. Em dez anos, o projeto gastou R$ 160 milhões, mas foi cancelado, já que o volume de sujeira era grande demais para ser retirado e, mesmo com a remoção, a água continuava contaminada com outros resíduos, como nitrogênio, amônia e fósforo.
Um fator que dificulta a despoluição do Rio Pinheiros é a sua pequena vazão média, que é de 10 m³ por segundo, cinco vezes mais fraca que a do rio Tâmisa, em Londres –que já foi revitalizado. Além de pertencer a uma bacia hidrográfica pequena, que torna mais difícil diluir a poluição a que é exposta, é grande a quantidade de esgoto e carga difusa (sujeira proveniente da varrição das ruas, carreamento de áreas agrícolas e efluentes industriais) despejadas diariamente no rio.
Atualmente, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) coleta 80% e trata 60% do esgoto produzido na capital. A empresa prevê para 2025 a universalização da coleta e tratamento de esgoto na Grande São Paulo, que contribuirá para a diminuição da poluição do Rio Pinheiros.
Um novo projeto pretende, em um prazo máximo de 30 anos, despoluir não só o Rio Pinheiros, como o Rio Tietê também. Por meio do Plano de Requalificação das Marginais e Limpeza dos Rios Tietê e Pinheiros, o governo do estado contará com o apoio de empresários que desejam atrelar negócios à futura reurbanização proporcionada pela limpeza dos rios.
Para isso, devem ser gastos R$ 3 milhões para escolher qual será o melhor tratamento utilizado para a despoluição. Isso inclui testes com tecnologias como método biológico – aplicação do produto com base em fungos e leveduras ou microrganismos naturais aeróbios facultativos –, físicos e químicos. As empresas têm até 15 de janeiro de 2014 para apresentarem seus relatórios. O orçamento total estimado é de R$ 12 a R$ 20 bilhões.