Enquanto o estudo do segundo grupo de trabalho do 5º Relatório de Avaliação (AR5), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), não é divulgado, algo que deve ocorrer no dia 31 de março, algumas prévias apontam para as consequências do aquecimento global. De maneira geral, as expectativas são de que aumentem os problemas relacionados às diferenças sociais, como a propagação de doenças, espalhadas pelas enchentes, e a elevação das taxas desnutrição, por conta do esgotamento de recursos.
Segundo o texto preliminar, os países pobres serão os mais afetados pelos efeitos das mudanças climáticas, à medida que os danos mais intensos têm sido causados pelas nações desenvolvidas e grandes potencias mundiais. Portanto, o documento sustenta a obrigatoriedade imediata de se reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), pois, só assim, os prejuízos poderão ser amenizados.
Além disso, com o derretimento das geleiras, regiões litorâneas tendem a sofrer ainda mais com enchentes e eventos extremos, como tsunamis, condição esta futuramente responsável pela degradação de grandes centros urbanos e vilarejos, cuja fonte de renda é a pesca ou qualquer tipo de extrativismo.
Em contrapartida a elevação dos níveis marítimos, o esgotamento das reservas de água potável, cada vez mais próximo, gera preocupação em relação à segurança alimentar. “Em 2050, mais de 50 milhões [de pessoas] vão passar fome por causa das mudanças climáticas”, prevê o negociador climático Naderev Saño, das Filipinas, que fez greve de fome durante a COP-19, reunião realizada no ano passado.
Por outro lado, ao longo da produção do AR5 um novo conhecimento a respeito da dinâmica da Amazônia deu um novo rumo às previsões feitas pelos cientistas. Em 2007, quando uma versão anterior do relatório foi publicada pelo IPCC, os modelos climáticos indicavam o aumento das temperaturas, o que transformaria o bioma numa espécie de cerrado. No entanto, as projeções não consideravam os padrões de chuva atuais, com potencial para manter as florestas resfriadas. Sendo assim, os incêndios foram apontados como maiores perigos para a preservação da biodiversidade amazônica.