Espalhado por quatro municípios do Piauí, o Parque Nacional Serra da Capivara é um local pouco explorado e conhecido pelas pessoas. Considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1991, o local está sofrendo com sérios problemas desde 2004. Falta de proteção, preservação e amparo institucional do Governo são as principais ameaças.
O sítio, que convida os visitantes a fazerem uma viagem no tempo, conta com mais de 1.200 sítios arqueológicos com pinturas rupestres, agrupando os mais antigos vestígios de ocupação humana da América do Sul. Apesar de tantas riquezas, o parque estava precisando urgentemente de investimentos, recursos orçamentários para custear a manutenção permanente e investimento público, porém nada foi feito apesar de todos os esforços.
Já faz 12 anos que os primeiros problemas aparecerem, mas nada mudou. No dia 16 de agosto, a arqueóloga Niede Guidón anunciou o possível fechamento do Parque Nacional Serra da Capivara, que era cuidado há mais de três décadas pela fundação privada FUNHAM (Fundação Museu do Homem Americano) e o seu desligamento, depois do fim dos recursos.
Niede, que sempre esteve à frente da preservação e proteção do sítio, disse ao programa Notícia da Manhã, da TV Cidade Verde: “O diretor do ICMBio esteve aqui, olhou tudo e disse que estavam sem recursos. Não sei quando isso vai mudar, porque a situação econômica do Brasil está muito difícil.”
Falta de pagamento dos funcionários reforçam a crise
O Parque Nacional Serra da Capivara está há anos funcionando de forma precária e dos quase 300 funcionários que o local já teve, hoje conta apenas com cerca de 30, que tiveram as demissões anunciadas após os atrasos nos salários. Niede chegou até a pagar os salários do próprio bolso, a fim de não perder as poucas pessoas que ainda tentavam cuidar do parque.
Diante desse grave problema, o ministério do Meio Ambiente afirmou ter liberado, de forma emergencial, R$ 1 milhão, que veio após o anúncio da arqueóloga sobre o fechamento do parque. “O ministro (Sarney Filho) reafirma seu compromisso com o Parque Nacional Serra da Capivara e está enviando esforços junto ao Governo para conseguir estruturalmente recursos para sanar de vez os problemas do Parque”, anunciada nota do Ministério do Ambiente enviada para imprensa.
Mesmo com essa provável ajuda, a coordenadora da Fundaham, Rosa Trakalo, que esteve em Teresina para tratar desses e de outros problemas, reafirmou em entrevista ao G1 que a unidade pode sim ser fechada caso não chegue nenhum recurso. Ela ressaltou também que há tempos não são repassadas verbas para o pagamento dos funcionários e manutenção do local e que há apenas uma conversa entre a Instituição Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Governo do Estado de Piauí e a Fundham, para que cada um entre com cerca de R$ 320 mil para manter o local, mas ainda nada foi oficializado.
O Ministério ainda reforçou em nota que o Parque está funcionando normalmente e que, mesmo com a saída dos funcionários da Fundação, os serviços do ICMBio estão mantidos e nove postos de vigilância estão ativos para garantir a proteção do patrimônio cultural e natural e para que o parque permaneça aberto à visitação.