O estudo do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), baseado nos anos de 2011 e 2012, constatou anormalidades sobre o uso de agrotóxico em 13 dos alimentos mais comuns consumidos na mesa do brasileiro. Em 2011, o número chegou a 36% e em 2012 teve uma redução significativa, chegando a aproximadamente 29%. Muitos deles também apresentaram substâncias não autorizadas no Brasil.

A agência analisou 3.293 amostras dentre estes 13 alimentos monitorados, sendo eles arroz, uva, cenoura, laranja, abacaxi, alface, morango, feijão, pimentão, maçã, mamão, pepino e tomate. Dentre os alimentos com grandes taxas de irregularidades, o pimentão lidera a lista, das 213 amostras estudadas em 2011, 89% apresentaram violações, a maioria delas por uso de defensivos agrícolas não autorizados. Em 2012, o produto não foi analisado.

A pesquisa constitui dois tipos de irregularidades, uma quando o alimento possui agrotóxico acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR) permitido e outra quando a amostra apresenta resíduos de agrotóxicos não autorizados para o alimento. A Anvisa destacou que dois tipos de agrotóxicos proibidos no Brasil, o azaconazol e o tebufempirade, foram encontrados nas amostras de alimentos.

Confira no infográfico o resultado completo da pesquisa realizada com os 13 alimentos:

Infográfico de Agrotóxicos em alimentos

Legalização dos defensivos agrícolas

Segundo a afirmação em nota do diretor-executivo Eduardo Daher, da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), não se trata de uma proibição do uso de agrotóxicos. A questão é que agricultores de pequenas culturas usavam produtos que hoje não estão mais autorizados a manejar. “Trata-se de um caso de inconformidade com a legislação e não de alimento contaminado”, explica o diretor. A dificuldade que persiste, portanto, é a necessidade de combater as pragas quando não há no mercado defensivos agrícolas legais para usar na plantação atacada.

A solução apresentada pelo diretor da Andef e Ana Maria Vekic, gerente geral de toxicologia da Anvisa, é justamente a revisão das diretrizes para o uso dos agrotóxicos em lavouras de pequena escala. Além disso, o treinamento de agricultores para melhorar as práticas agrícolas foi um ponto destacado pelas fontes oficiais a fim de reduzir a quantidade de agrotóxicos nos alimentos.