Grandes centros urbanos como Tókio, no Japão, Pequim, na China, Nova Dheli, na Índia e São Paulo, no Brasil, possuem características em comum, mesmo sendo de continentes distintos todas possuem grande número de habitantes, mais de 11 milhões em média e apresentaram um crescimento acelerado nos últimos tempos por conta da globalização e pela busca das pessoas por melhores oportunidades de vida. Mas, para que lugar todo esse crescimento quer nos levar? Mais do que garantir um desenvolvimento sustentável das cidades, as consequências do fenômeno do inchaço urbano ou macrocefalia urbana refletem na mobilidade, no trânsito e até na forma da estrutura das casas.
O inchaço urbano é considerado como o crescimento desordenado de pequenos centros os quais concentram o maior número de pessoas em um único lugar. De acordo com o professor de geografia Robertson Costa, em entrevista ao portal G1, o inchaço urbano se caracteriza pela concentração de atividades e pessoas em espaço limitado. O Brasil é um exemplo dessa situação, existem 5.556 municípios, mas apenas 22 deles possuem funções culturais, econômicas, administrativas e políticas relacionadas ao desenvolvimento do país.
Pelas atividades que estes centros urbanos oferecem, esses espaços atraem o maior número de habitantes e consequentemente, necessita ser adaptado para comportar toda essa demanda populacional. Costa reintera que o inchaço urbano é consequência da desqualificação do processo de urbanização, a medida em que a população se transfere de maneira acelerada, o processo de planejamento e reestruturação da região para adaptação dos habitantes não consegue acompanhar.
Consequências do inchaço urbano
A zona oeste do Rio de Janeiro é outro exemplo do inchaço urbano. De acordo com a reportagem da Veja, nos anos 90 a região de Jacarepaguá tinha ruas parecidas com bosques e uma estrutura de lazer com praias, shoppings e ambientes familiares. Mas a partir dessa década muitos apartamentos e prédios comerciais começaram a ser construídos nos bairros da Barra da Tijuca e Freguesia.
Atualmente a Freguesia é uma dessas zonas atingidas pelo efeito do inchaço urbano. A população aumentou significativamente em pouco tempo sem que houvesse qualquer planejamento urbano. A Linha Amarela, inaugurada em 1997, a única via expressa da região, já não consegue suportar a quantidade de veículos que saem diariamente de Jacarepaguá em direção ao Centro do Rio, o que provoca grandes e longos engarrafamentos nas horas de pico.
A geografia desse bairro cercada pelos morros, hoje se torna um grande empecilho para quem precisa deslocar-se. As ruas são estreitas e limitam-se às encostas da praia, o que restringe, desta forma, as vias de escape, as quais são poucas. E nem mesmo um acompanhamento de tais impactos tem sido realizado. A região passou pelo processo de verticalização excessiva e inchaço urbano e comprometeu a estrutura e o desenvolvimento dos bairros.
Como solução para gerir a questão da localização e condições dos imóveis, da superlotação de pessoas, trânsito e mobilidade dos moradores, é preciso que os órgãos de planejamento de infraestrutura urbana das prefeituras das cidades populosas realizem estudos prévios na região para organizar e limitar a oferta de imóveis a fim de evitar que a região comporte um número maior de pessoas do que normalmente costuma abrigar.