Como consequência do aquecimento global, as plataformas de gelo da Antártida estão perdendo volume rapidamente. No período de 18 anos, a espessura das placas de gelo flutuantes diminuiu 18%, de acordo com estudo publicado no último dia 26 de março na revista Science. O mais preocupante é que essa redução de volume está se acelerando.
Essas placas de gelo estão flutuando em torno da Antártida depois de se desprenderem de glaciares ou mantos de gelo, que cobrem o continente.
Coordenado por cientistas da Universidade da Califórnia e do Centro de Pesquisa de Terra e Espaço, ambos dos Estados Unidos, e patrocinado pela Nasa, esse estudo foi baseado em dados de alta resolução de radares altimétricos de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA) entre 1994 e 2012.
Com essas informações, obtidas por três missões de satélites, foram identificadas mudanças na espessura do gelo ao longo de 18 anos. O volume das plataformas mudou pouco entre 1993 e 2003, porém, houveram perdas rápidas e significativas a partir daquele ano.
As plataformas da Antártida ocidental (oeste) apresentaram os resultados mais preocupantes. Elas perderam gelo em todo o período observado, podendo ter chegado a 18%. Já na Antártida oriental (leste), houve aumento entre 1994 e 2003, mas o encolhimento ocorre rapidamente desde então. “Uma mudança de 18% ao longo de 18 anos é realmente substancial”, afirmou Fernando Paolo, um dos autores do estudo.
A maior parte da massa perdida era das plataformas de gelo dos mares de Amundsen e de Bellingshausen, no litoral oeste da Antártida. Isso se daria pelas águas mais quentes do oceano terem consumido o lado de baixo das placas, deixando-as mais finas em vários lugares.
Com essa taxa de encolhimento, os cientistas estimam que as plataformas de gelo da região oeste da Antártida não existirão mais nos próximos 100 anos.
O impacto deste derretimento se dá de forma indireta no aumento dos níveis dos aceanos, porque as plataformas, por estarem flutuando, restringem o fluxo de gelo que escoa da terra firme para os oceanos e, sem elas, esse fluxo aumenta.
O estudo proporcionou aos cientistas entender algumas mudanças importantes nas coberturas de gelo polar e suas implicações no nível dos mares. O próximo passo é descobrir as causas dessas perdas e os seus efeitos na atmosfera global.