Apesar de concentrar a maior reserva de água doce superficial do planeta (12% do total), muitas regiões do Brasil ainda sofrem com a oferta limitada deste recurso. Além da distribuição desigual no território – 81% dos recursos hídricos estão limitados à região hidrográfica da Amazônia –, o mau uso e a poluição também são problemas que comprometem a qualidade e disponibilidade da água no país.
De acordo com o estudo da Agência Nacional de Águas (ANA), 81% dos recursos hídricos monitorados no Brasil receberam classificação “ótima” ou “boa” e 19% como “regular”, “ruim” ou “péssima”. A situação, porém, é diferente quando analisamos os números referentes ao abastecimento urbano. Segundo a pesquisa, em 47% dos 135 pontos monitorados, a condição da água foi classificada como “ruim” ou “péssima”.
Entre os principais motivos da baixa qualidade da água nos grandes centros estão os baixos níveis de coleta e tratamento de esgoto e a alta taxa de urbanização, que acarreta problemas relacionados à poluição. Segundo o estudo, esses rios urbanos recebem poluentes dos esgotos domésticos, efluentes industriais, resíduos sólidos e cargas difusas, impactando na qualidade de vida nas cidades.
Na zona rural, foram identificados como principais problemas na qualidade dos recursos hídricos o desmatamento, que, através da erosão do solo provoca a degradação dos cursos da água; e a contaminação pelo uso de fertilizantes e agrotóxicos. O estudo revela que a utilização destes produtos químicos na produção agrícola do país aumentou significativamente nos últimos anos.
A água contaminada, além de apresentar prejuízos ao meio ambiente, também pode causar efeitos adversos à saúde humana, sendo a causa de mais de 2 milhões de mortes ao ano no mundo todo. Segundo dados do Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas, a diarreia, causada principalmente pela água suja, atualmente, mata mais pessoas do que qualquer forma de violência, inclusive em guerras.