Desenvolvidos para eliminar pragas e doenças que atacam plantações, os agrotóxicos são produtos muito eficientes nessa função. Por outro lado, sua utilização contínua traz consequências graves para o meio ambiente e para a saúde humana.
O agrotóxico só perde para o esgoto não tratado quando se trata dos maiores contaminadores de rios brasileiros. Sua utilização nunca foi tão discutida e condenada, especialmente se levarmos em conta os altos índices de poluição de rios, solos e ar associados ao uso de inseticidas na agricultura.
Consequências do uso de agrotóxicos
Estima-se que o Brasil use 19% de todo o agrotóxico do mundo, sendo seu maior consumidor no planeta inteiro. Um dado curioso e alarmante é que 99% do inseticida inserido na plantação não ataca a praga que deveria matar, se dispersando na natureza e causando muitos impactos ambientais.
Os agrotóxicos se esvaem pelos rios, impregnam o solo e chegam às águas subterrâneas. O mesmo vale para o ar e os seres vivos que estão a seu redor. É possível mensurar o nível de contaminação dos rios pelo fato da agricultura ser a maior consumidor de água doce do mundo, chegando ao patamar de 70% de sua totalidade.
Essa água repleta de inseticida contamina os seres vivos presentes na região, inclusive as plantas aquáticas. De acordo com sua influência e localização, o dano pode ser muito maior e até irreversível para determinadas espécies.
Muitos desses danos são invisíveis, já que peixes contaminados por agrotóxicos podem ser consumidos por pessoas, propagando um efeito em cadeia de disseminação do inseticida. O ser humano que consome hortaliças contaminadas também acumula veneno por meio do consumo de alimentos.
No solo, a contaminação por agrotóxicos se torna contínua pelo poder que ele tem de reter grande quantidade de veneno ao longo dos anos, reduzindo sua fertilidade e empobrecendo seus nutrientes. A intoxicação do ar, por sua vez, acontece quando o produto fica em suspensão, sendo disseminado mais rapidamente pela força dos ventos e contaminando as pessoas através das vias respiratórias.
O papel dos agrotóxicos na poluição
O primeiro veneno a ser utilizado em cadeia foi o DDT, um pesticida que, quase um século depois de sua massificação, foi proibido em muitos países pela sua correlação com o câncer. No Brasil, embora ele tenha sido proibido para uso na agricultura, continuou a ser fabricado e usado em outros produtos até recentemente.
Outros venenos já proibidos por lei ainda são utilizados tranquilamente, sem que haja uma fiscalização rigorosa para impedir essa ação. A avaliação do poder do inseticida em prejudicar a natureza é feita baseada em quanto tempo eles persistem nos locais contaminados. Alguns mais simples se evaporam com um curto espaço de tempo, enquanto outros levam mais de 30 anos para sumirem por completo.
Mesmo com as informações sobre os danos causados pelos agrotóxicos, as proibições e os métodos alternativos de agricultura sem utilizá-los, o Brasil também se destaca pela falta de conscientização real da população e do Governo para adotar medidas que impeçam esses agentes poluentes e perigosos a permanecer no ciclo da contaminação.