A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) alertou que o índice de valores dos alimentos subiu para o maior patamar nos últimos 10 meses. O valor referente a março foi de 2,3%, ou 4,8 pontos, atingindo média de 212,8 pontos. Para Abdolreza Abbassian, economista sênior da ONU, o índice foi o resultado das alterações climáticas constantes presentes no Brasil e Estados Unidos.
Outra questão abordada por ele são as tensões geopolíticas (guerras territoriais) na região do Mar Negro, que envolvem Rússia e Ucrânia. O consultor relatou que o índice dos preços dos cereais da FAO alcançou uma média de 205,8 pontos em março de desse ano, 10 a mais do que o registrado em fevereiro. Os valores das importações de trigo e milho aumentaram e continuam elevadas devido ao impacto da seca no trigo nacional e americano.
Um dos produtos com maior alta foi o açúcar, devido a queda de oferta no Brasil e na Tailândia, principalmente por causa da seca e diminuição da produção de cana-de-açúcar. Óleos vegetais e carne apresentaram níveis altos de comercialização. A única queda nos preços está relacionada aos laticínios. O relatório Monitor de Mercado da FAO citou a alta da produção de grãos e cereais em 2013, a qual alcançou 2,5 milhões de toneladas.
Previsão sobre as safras
Abbassian relatou que ainda é precoce fazer estimativas sobre a produção de cereais, visto que as sementes ainda não foram plantadas e as condições de clima são um fator importante para a definição do tempo de colheita. Embora não há certeza, a FAO calcula que a produção mundial de trigo deve atingir 702 milhões de toneladas em 2014, 2% abaixo da colheita record de 2013. O arroz, em relação ao ano passado, teve aumento modesto de 0,8%.
Desperdício de alimentos
Esta sempre foi uma questão que preocupou a FAO. No início de abril, uma conferência organizada em Bucareste (Romênia), contou com autoridades vigentes da Europa e Ásia, as quais pediram ação imediata dos setores públicos e privados para incentivar a mudança de hábito dos consumidores ao redor do mundo.
Foi detectado vários padrões diferentes na gestão dos alimentos. A maioria das perdas nos países desenvolvidos acontece na hora do consumo. Já nos países pobres, ocorre na produção e pós colheita.
A FAO identifica que o comportamento de desperdício por parte do consumidor é a maior parte do problema, incluindo transporte, estoque e processamento do alimento. A meta estipulada para o combate da perda de insumos, matérias-primas alimentares e outros demais tipos de grãos inclusos na alimentação mundial são campanhas e iniciativas de combate ao desperdício.