Ontem o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira chegou a 13,3%, conforme dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), ou seja, mais um recorde negativo. Em resposta a essa situação, Geraldo Alckmin apresentou um projeto de transição de águas da bacia do rio Paraíba do Sul à Brasília, mas aguarda aprovação e conta com a oposição das autoridades do Rio de Janeiro, estado que também utiliza os seus recursos. Contudo, no dia 28 de março, o governo paulista publicou uma previsão apontando que o volume útil se esgotaria em meados de julho deste ano.
A estimativa foi produzida pelo Grupo Técnico de Assessoramento para gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira), instituído pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), e responsável por realizar o acompanhamento diário dos reservatórios. Conforme as projeções do GTAG-Cantareira, o esgotamento do volume útil dos reservatórios também pode ocorrer entre os meses de agosto e setembro de 2014.
Enquanto espera pelo aval da ANA e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deve demorar quatro meses, as obras de interligação do sistema Cantareira à bacia do rio Paraíba do Sul são investigadas pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), devido aos impactos ambientais que supostamente serão gerados no futuro. No entanto, com a divulgação da projeção, tanto ANA quanto Aneel poderiam antecipar a decisão, uma vez que a virtual extenuação está prevista para o período da Copa do Mundo.
Por outro lado, o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu Guillo, garantiu que não há solução técnica capaz de atender as necessidades de São Paulo no curto prazo. Buscando maneiras de abastecer o manancial responsável pelo fornecimento de água para aproximadamente 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, Alckmin já anunciou a construção de um canal de conexão entre as represas Atibainha, em território paulista, e o reservatório Jaguari, afluente do Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro.
Classificado como “inviável” pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o projeto, orçado em R$ 500 milhões, tem enfrentado resistência por parte de alguns deputados locais, como Inês Pandeló (PT). Segundo Cabral, a interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul ameaça a distribuição de água no estado fluminense, que já enfrenta problemas.
Diante de incertezas e possível risco de estresse hídrico, a Sabesp declarou, no dia 17 de março, que iniciou as obras de captação da reserva estratégica de água do Sistema Cantareira, isto é, o chamado “volume morto”, água presente no fundo das represas e que não é alcançado pelas bombas tradicionais. Requerendo um investimento de R$ 80 milhões, o empreendimento contará com a instalação de dois canais (somando 3,5 km de extensão), 17 bombas e deve ser concluído em dois meses.