O conceito de estrada-parque é integrar turismo e desenvolvimento socioambiental à preservação dos recursos naturais – fauna e flora – e pode funcionar como um museu de percurso, já que permite aos transeuntes ou visitantes o contato mais próximo com os remanescentes florestais preservados, levando à maior sensibilização e conscientização sobre a preservação do meio ambiente.
A primeira estrada parque de São Paulo teve suas obras iniciadas em janeiro de 2014 e será a primeira oficial do Estado. A rodovia Nequinho Fogaça (SP-139) liga o sudoeste paulista ao Vale do Ribeira e terá um trecho de 38 quilômetros transformados em estrada parque, pois corta o Parque Estadual Carlos Botelho e transpõe a Serra das Macacas, entre São Miguel Arcanjo e Sete Barras. A rodovia foi interditada no dia 06/01 e o prazo previsto para conclusão da obra é de 18 meses; o trânsito nesse período será desviado para outras rodovias.
O Parque Estadual Carlos Botelho é uma unidade de conservação com Mata Atlântica e é sítio do patrimônio natural da humanidade de acordo com a Unesco. A reserva possui cerca de 36 mil hectares e tem a maior população de mono-carvoeiro e bugio ruivo (mamíferos da classe dos primatas), e onças pintadas, todas as espécies ameaçadas de extinção.
No trecho a ser transformado serão utilizados bloquetes articulados ao invés de asfalto, pois permitem a infiltração da água e reduzem a emissão de calor, e a velocidade máxima dos veículos de passeio será de 40 quilômetros por hora – velocidade a ser fiscalizada e controlada por doze radares com câmeras. Veículos de carga terão seu acesso proibido neste trecho. A estrada terá oito passagens subterrâneas para a fauna terrestre e seis áreas ligando árvores para serem usadas pelos primatas. Na estrada-parque a prioridade de trânsito é dos animais, portanto se houver animais sobre a pista os motoristas dos veículos serão obrigados a parar, e serão avisados através de sinalização e redutores de velocidade.
A estrada incluirá um pronto-socorro para animais e um serviço de emergência chamado de SAMU-Animal, que levará os bichos eventualmente acidentados ao hospital veterinário do zoológico municipal de Sorocaba. Além disso, já existe no local alguns quiosques, mirante, trilha de interpretação do meio ambiente, central de monitoria e áreas para observação da natureza.