O rio Tietê é um dos maiores do estado de São Paulo, atravessando praticamente toda a sua extensão. Sua nascente é na Serra do Mar, no município de Salesópolis, a 1.120 metros acima do mar e percorre 1.136 km até desaguar no rio Paraná.
Ele possui seis bacias hidrográficas, sendo a do Alto Tietê localizada na região metropolitana e, portanto, o trecho mais problemático de toda sua extensão. No interior do estado o rio é limpo, recebendo banhistas e esportistas.
O rio foi utilizado para o lazer dos paulistanos até a primeira metade do século passado, sendo um local de grande beleza e com clubes de esportes. No início do século XX, com o aumento da demanda de energia para movimentar o parque industrial que começava a surgir na cidade, as administrações públicas adotaram uma política de utilização do rio apenas como transportador de esgoto e fonte de produção de energia. Com a construção das marginais, que se estendeu do início dos anos 1940 até o final dos 1960, o nível de poluição do rio fez com que a prática esportiva e o lazer fosse proibido em suas margens a partir de 1972.
Em 1991, Luiz Antonio Fleury Filho, governador do estado de São Paulo naquela época, encomendou um programa de despoluição do rio e fez uma famosa declaração: “Ao final desse projeto, eu beberei um copo de água do Tietê”. O Projeto Tietê, que foi apresentado pela Sabesp no ano seguinte a esta declaração, atualmente é a maior iniciativa de recuperação ambiental do país.
O objetivo do Projeto é coletar e tratar o esgoto de cerca de 18 milhões de pessoas da região metropolitana de São Paulo, contemplando 27 cidades. Para isso, foi feita uma divisão do projeto em quatro etapas:
1a Etapa (1992-1998) – Construção de novas estações de tratamento de esgoto. Nessa etapa foram gastos US$ 1,1 bilhão em três novas estações: São Miguel, ABC e Parque Novo Mundo. Foram construídos também mais de 400 km de diferentes tubulações e mais 250 mil ligações domiciliares. A melhoria da qualidade de vida da população dos municípios próximos ao rio Tietê é visível. Os moradores de Salto e Itu, por exemplo, passaram a ver peixes no trecho do rio que corta suas cidades.
2a Etapa (2000-2008) – Ampliação do sistema de coleta de esgoto. Os índices de coleta de esgoto passaram de 80% para 84% e o seu tratamento passou de 62% para 70%, impedindo que 350 trilhões de litros de esgoto fossem jogados no rio. Nessa etapa foram investidos US$ 500 milhões. Segundo a Sabesp, foram construídas 38 km de interceptores (tubulações que recolhem o esgoto e os direcionam), 160 km de coletores-tronco (tubulações maiores que ligam os resíduos dos interceptores até a estação de tratamento), 1.400 km de redes coletoras (tubulações individuais que se ligam a rede domiciliar) e 290 mil ligações de esgoto.
3a Etapa (2009-2015) – Melhoria da qualidade ambiental na bacia do Alto Tietê. Essa etapa está em andamento e contará com um total de R$ 3,9 bilhões para a ampliação da infraestrutura de coleta, afastamento e tratamento do esgoto. São previstos 580 km de coletores-tronco e interceptores; 1.250 km redes coletoras; 200 mil ligações de esgoto domiciliar; ampliação de três estações de tratamento de esgoto (ABC, Parque Novo Mundo e Barueri) e aumento da capacidade de tratamento de esgotos para 7,4 mil litros por segundo.
Segundo a Sabesp, o rio Tietê que passa pela região metropolitana estará despoluído até 2025, ano final da quarta e última etapa do projeto, que prevê investimento de R$ 4 bilhões.
Além das obras feitas serem uma evolução para o Brasil, o nível de poluição hoje já pode ser medido, segundo estudos da Fundação SOS Mata Atlântica, a mancha de poluição recuou 160 km. Ou seja, se antes a poluição do rio chegava até o município de Barra Bonita (260 km da capital), hoje ela chega somente até a cidade de Salto (100 km da capital).