Falar sobre a morte não é algo que a maioria de nós goste. É sombrio, desconfortável e nos força a encarar nossa própria mortalidade. No entanto, como pessoas preocupadas com o meio ambiente, entendemos que não podemos mais ignorar a realidade da morte. Quando partimos, nossos corpos precisam de um lugar para descansar, e as práticas de cremação e enterro convencionais no Ocidente têm um custo ambiental significativo.
A cremação, uma prática comum no Reino Unido e nos Estados Unidos, é particularmente prejudicial para o meio ambiente. Uma cremação típica no Reino Unido libera aproximadamente 126 kg de emissões de CO2 equivalente (CO2e), o que equivale a dirigir por mais de cinco horas. Nos Estados Unidos, a média é ainda maior, com 208 kg de CO2e.
O enterro também não é muito melhor. Em alguns lugares, as sepulturas são revestidas com concreto, e os corpos são colocados em caixões de madeira ou aço que consomem muitos recursos. Fluidos de embalsamamento tóxicos, como o formaldeído, são frequentemente usados e podem contaminar o solo com metais pesados, prejudicando ecossistemas e poluindo o lençol freático.
Existem alternativas mais sustentáveis. O enterro natural, que envolve a decomposição do corpo sem barreiras, como fluidos de embalsamamento ou caixões de metal, é uma delas. Isso resulta em zero emissões de CO2. A cremação aquática, também conhecida como “hidrólise alcalina”, é outra opção com uma pegada de carbono muito menor do que a cremação tradicional, produzindo apenas 20 kg de CO2e.
A compostagem humana é uma alternativa inovadora que transforma os corpos em solo rico em nutrientes, com uma pegada de carbono reduzida em comparação com a cremação. A compostagem humana está se tornando legal em vários estados dos EUA e no Reino Unido.
No entanto, a escolha do método funerário também envolve considerações pessoais e culturais. Algumas pessoas preferem rituais de enterro mais tradicionais e apegam-se à ideia de um local de descanso específico. Portanto, é importante encontrar um equilíbrio entre práticas funerárias sustentáveis e a necessidade de consolo e tradição.
Em última análise, o objetivo é reimaginar o que é considerado “especial” em relação à morte e ao enterro. Talvez a verdadeira beleza esteja em se tornar parte da paisagem natural, em vez de reivindicar uma parcela de terra específica. Encontrar consolo na ideia de se tornar parte de uma paisagem em constante mudança, onde a vida floresce, pode ser uma forma significativa de honrar a memória de alguém e contribuir para um mundo mais sustentável.
Com informações da BBC.