Na última sexta-feira, dia 27 de setembro, foi divulgado o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo, na Suíça. De acordo com o documento, é possível que, em decorrência do aquecimento global, aproximadamente 94% do gelo do oceano Ártico se derreta até o verão de 2100.
Com 66% de chances de acontecer, a pesquisa projeta acréscimo de uma média temperatura na casa dos 2°C até o final deste século, o que resultará em um aumento de 45 a 82 centímetros do nível do mar, no pior cenário. Pela ótica otimista, as marés subirão entre 26 e 55 cm. Contudo, o trabalho afirma com 95% de certeza que o homem foi o responsável por mais da metade da elevação média da temperatura entre 1951 e 2010.
As alterações no clima e, consequentemente, na paisagem provavelmente se devem a ascensão de 0,05°C por década. Houve redução de 18% no território ártico de 2007 a 2012, o que configura um recorde de degelo. Porém, é necessário ressaltar que a região contrai-se a uma taxa de 4,1% por década desde 1979. Só para ter noção, de 1983 a 2012, o hemisfério Norte teve seu período mais quente em 1.400 anos.
Os impactos infligidos ao Ártico e outras áreas similares são extremamente danosos aos habitantes da Terra, pois as geleiras marinhas ajudam a refletir as nocivas radiações solares. Numa sequência disso, as águas escuras – características do local – podem ser expostas, absorvendo mais calor e intensificando as mudanças climáticas. O oceano armazenou mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010.
Com 99% de probabilidade, a acidificação dos mares vai afetar profundamente a vida marinha. Por exemplo, a diminuição do gelo fará com que as focas-da-Groenlândia e as da espécie “Anelada” fiquem sem espaço para fazer tocas e criar os filhotes, e as morsas pelo mesmo motivo, sobrecarreguem os poucos lugares restantes, ocasionando na morte de alguns espécimes.
No caso dos ursos polares, a falta de acesso às focas faz com que os mamíferos carnívoros se arrisquem caçando morsas, acarretando o falecimento de indivíduos das duas categorias da fauna. Já as renas são prejudicadas pela precipitação do inverno em regiões secas, pois a vegetação é congelada, fazendo com que a principal fonte de alimento do cervídeo se torne escassa.
Conforme o documento, que contou com o trabalho de 259 cientistas e representantes de 195 países, inclusive do Brasil, as instabilidades do clima se devem ao fato de que os níveis de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso sejam os maiores já vistos em 800 mil anos. Ou seja, para que o catastrófico “Dia depois de amanhã” continue sendo filme de ficção científica, o homem precisa reduzir imediatamente as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).