Diversos crimes e acidentes ambientais são tragicamente memoráveis. A relação do homem com o meio ambiente, diversas vezes, está ligada tão somente à produção e consumo, que as preocupações com o meio ficam em segundo plano. Os problemas vivenciados durante toda a história do país podem ser claramente observados na maneira como a natureza responde.
As mudanças climáticas podem ter causas naturais – como alterações na radiação solar e dos movimentos orbitais da Terra – ou podem ser consequência das atividades humanas. Para o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), órgão das Nações Unidas, o homem é responsável por 90% desse aumento de temperatura.
Promovidos por causas naturais ou atividades negligentes do homem, relembre algumas – das inúmeras – tragédias ambientais no Brasil:
1987: contaminação por Césio 137 em Goiás (GO)
Um dos mais graves casos de exposição à radiação do mundo ocorreu em Goiânia (GO), quando dois catadores de lixo descobriram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital e o levaram para outros pontos da cidade. O aparelho estava contaminado pelo material radioativo Césio 137 e ocasionou o contágio de pessoas, água, solo e ar.
A radiação só foi descoberta 16 dias após a exposição do material radioativo, resultando em um longo e dificultoso processo de descontaminação. Pelo menos quatro óbitos foram registrados e centenas de outras pessoas desenvolveram doenças.
Em 1996, nove anos depois, a Justiça condenou, por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), três sócios e um funcionário do hospital a três anos e dois meses de prisão, que foram substituídos por prestação de serviços voluntários.
2000: vazamento de óleo na Baía de Guanabara (RJ)
Há 15 anos, 1,3 milhão de litros de óleo in natura vazaram de um navio petroleiro e se espalharam por 40km² na Baía de Guanabara. O acidente causou morte da fauna local, poluiu o solo e provocou graves prejuízos de ordem social e econômica à população, que tirava o seu sustento das atividades ligadas aos recursos hídricos da Baía. Em 2014, a Petrobrás, responsável pelo vazamento, foi multada em duas etapas pelo Ibama. Uma em R$ 50 milhões e outra em R$ 1,5 milhão.
Apesar dos esforços do poder público para restabelecer as atividades na Baía ao longo desses 15 anos, sobretudo para torná-la saneável nas Olimpíadas de 2016, o mais recente caso de vazamento de óleo na Baía aconteceu em março de 2015.
2011: chuvas na região serrana do Rio (RJ)
Talvez um dos maiores desastres causados pela força das chuvas, em janeiro, na região serrana do Rio de Janeiro, uma série de deslizamentos e enxurradas destruiu casas nas regiões de encosta. Além do registro de mais de 900 mortes.
Anos se passaram, mas a tragédia ainda faz parte do cenário. Em Nova Friburgo, um dos mais atingidos pela tragédia, as marcas deixadas pelas chuvas podem ser vistas até hoje em construções que ainda não foram demolidas. Repletas de entulho e praticamente abandonadas, muitas casas foram condenadas pela Defesa Civil, e os escombros permanecem no lugar. Hoje, segundo relatos de moradores, galerias de águas pluviais ainda não foram construídas e encostas correm risco de deslizamento.
2015: rompimento de barragens em Mariana (MG)
Nos últimos 14 anos, Minas Gerais foi palco de acidentes causados por mineradoras de prejuízos ambientais incalculáveis, como na Mineração Rio Verde, em Nova Lima (2001), na Mineração Rio Pomba Cataguases, em Miraí (2007), e na Mineração Herculano, em Itabirito (2014), mas nenhum deles podem ser comparados ao que foi considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento das barragens em Mariana (MG), em novembro deste ano.
O acidente deixou rastros de destruição e morte. Depois de varrer do mapa os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo (MG), deixar a água imprópria para consumo e poluir quase todo o Rio Doce, a lama, que liberou na água 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos repletos de resíduos tóxicos e metais pesados, chegou até o Oceano Atlântico.
Os rejeitos praticamente eliminaram a vida aquática do Rio Doce e é bem possível que algumas espécies, que só vivam ali, possam entrar em extinção. O desastre ainda está sendo calculado. Até agora, a Samarco foi multada de maneira preliminar pelo Ibama em R$ 250 milhões.