A reserva indígena Roosevelt foi criada em 1973 na cidade de Espigão do Oeste, em Rondônia. Com aproximadamente 2,7 milhões de hectares, atualmente é casa de mais de 1.200 índios da etnia Cinta Larga. Sob um olhar mais superficial, trata-se de mais uma grande reserva indígena brasileira, com suas dificuldades de preservação, demarcação e de convívio com os “homens brancos”. Porém, observando mais profundamente compreendemos os fatores que fazem da Reserva Roosevelt um caso especial.
Além de todas as riquezas em fauna e flora da floresta, a área de abrangência da reserva guarda em seu solo um tesouro de enorme valor financeiro, por tratar-se uma enorme jazida de diamantes. Para que se tenha uma ideia do que a área representa, a Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM) estimou que a região é a quinta maior em quantidade de diamantes do planeta. A CPRM chegou a esta conclusão a partir de dados fornecidos pelo governo japonês e pela NASA. Alguns especialistas, porém, acreditam que a quantidade de minerais preciosos pode ser ainda maior e especula-se que, na verdade, a Reserva Roosevelt esteja sobre a maior jazida de diamantes do mundo.
Para os índios, os limites de floresta demarcados constituem sua casa, o local onde podem vivenciar sua cultura e tirar seu sustento da natureza. A exploração garimpeira da região destruiria grande parte deste ambiente, tornando a vida desses índios impraticável e os obrigando a um forçado deslocamento. É certo, porém, que estar sobre minérios capazes de gerar tanto dinheiro fragiliza a condição desses índios, que mais de uma vez se viram ameaçados pela ação de garimpeiros.
Em 2004, a quantidade de pessoas explorando a região em busca de pedras preciosas começou a crescer vertiginosamente, gerando um óbvio descontentamento entre os indígenas. O desfecho deste impasse foi trágico: os índios assassinaram 29 garimpeiros, em uma chacina que ganhou as páginas dos jornais em todo o mundo. Os líderes indígenas afirmaram na época que as mortes ocorreram porque os garimpeiros não deixaram a região, mesmo depois de vários avisos para que partissem.
Em dezembro de 2007, dois funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), um integrante da Organização das Nações Unidas (ONU), um procurador da República e a mulher dele foram feitos reféns pela tribo indígena na mesma reserva. Entre as reivindicações do grupo estava a não liberação do garimpo em terras indígenas. Relatórios oficiais divulgados, em 2005, pelo governo brasileiro apontavam a exploração ilegal da área por empresas mineradoras multinacionais. Em maio de 2013 o Tribunal Regional Federal determinou o cancelamento de todos os requerimentos de pesquisa e exploração de minérios no entorno da área habitada pelos índios Cinta Larga.