Pela primeira vez, o Brasil disponibiliza um índice que mede as condições dos produtos naturais, alimentos, turismo, dentre outros aspectos do meio ambiente providos pelo mar. Este é o Índice de Saúde do Oceano do Brasil (OIH-Brasil, e inglês), publicado no início de abril na PLOS BIO ONE, revista científica americana. O índice avaliou 17 estados da costa do Brasil baseados no banco de dados disponibilizados colaborativamente por cientistas e ambientalistas, com informações do ano de 2012. Cada estado recebeu sua própria pontuação.
O estudo contou com a coordenação de Cristiane Elfes, do Departamento de Ecologia, Evolução Marinha da Universidade de Santa Bárbara, na Califórnia (EUA), e a colaboração da ONG Conservação Internacional, além de outros especialistas americanos.
O Brasil foi nomeado para realizar este levantamento regional porque possui uma das costas litorâneas mais extensas do globo terrestre, uma das maiores economias mundiais, além de possuir grande diversidade biológica. Esta primeira tentativa de análise da saúde dos oceanos brasileiros fornece um parâmetro para mensurar alterações futuras de clima e da região.
Como é calculado o índice
O índice é elaborado baseado em 10 metas distintas: armazenamento de carbono, provisão de alimentos (pesca artesanal e aquicultura); proteção costeira; subsistência e economias costeiras; identidade local; produtos naturais; oportunidade de pesca artesanal; turismo e recreação; águas limpas e biodiversidade.
A pontuação de cada meta vai de 0 e 100. Uma pontuação de 100 representa que o sistema avaliado atingiu a meta proposta (o ponto de referência), oferece todos os benefícios específicos de forma sustentável e ainda prevê que este resultado seja mantido em um futuro próximo. Uma pontuação 0 significa que, embora os dados estivessem disponíveis, o estado não desfruta de nenhum dos benefícios especificados ou ainda que esses benefícios são obtidos de maneira a qual não se preocupa com impactos ambientais.
O Brasil recebeu 60 pontos nesta avaliação. As categorias tiveram suas respectivas pontuações: Turismo e Recreação (31), Provisão de Alimentos (36) e Produtos Naturais (29) foram as pontuações menores. Aquicultura (6) obteve uma pontuação muito baixa, o que causou a queda de Provisão de Alimentos.
Já Armazenamento de Carbono (89), Proteção Costeira (92) e biodiversidade (85) – todas dependentes da saúde dos habitats marinhos – foram as pontuações mais altas das metas do país.
Pontuação dos estados brasileiros
Os 17 estados que fazem parte da costa litorânea do Brasil foram analisados usando as melhores bases de dados para todos os estados referentes a 2012, elaboradas pelos cientistas. As pontuações estaduais variam de 71 (Rio de Janeiro) a 47 (Piauí). Os autores do estudo esclarecem que embora o Rio de Janeiro tenha ficado acima de 80 pontos em cinco metas, as outras possuem pontuações consideravelmente baixas. O Piauí, mesmo obtendo pontuações acima de 80 em três metas, foi o estado que apresentou os pontos mais baixos em seis outros objetivos.
As metas baseadas em ecossistemas, incluindo Armazenamento de Carbono, Proteção Costeira e Biodiversidade, apresentaram pontuações estaduais mais altas, com exceção do Rio Grande do Norte, onde a rápida expansão de fazendas de camarão tem causado altas taxas de perda do ecossistema manguezal.
Para Elfes, “[ainda] há pontos a aprimorar, mas o primeiro passo foi dado. Esperamos tornar o OHI-Brasil um programa conduzido por instituições brasileiras, para monitorar a situação dos mares em longo prazo. Essa é uma ferramenta fundamental para a tomada de decisões no ambiente marinho”.