A poluição dos rios é uma das maiores preocupações sobre a condição da água. Em 2009, a Fundação SOS Mata Atlântica iniciou um estudo das condições dos corpos d’água de 69 rios e lagos, espalhados por 70 municípios, em 15 estados brasileiros.
O resultado, divulgado em 2011, revelou que 70% de 43 corpos d’água têm qualidade regular, enquanto em 25% é ruim e em 5% é péssima. As coletas de água foram retiradas de rios e lagos das regiões urbanas, portanto, a principal fonte de poluição constatada foi o esgoto doméstico com baixos níveis de – ou sem – tratamento.
Ranking de Poluição dos Rios Brasileiros
Para a classificação, as amostras de água foram avaliadas em parâmetros como o de temperatura, espumas, peixes e lixo, e encaixadas em cinco categorias: péssimo (de 14 a 20 pontos); ruim (de 21 a 26 pontos); regular (de 27 a 35 pontos); bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos). Este sistema tem base no Índice de Qualidade da Água (IAQ), padrão definido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Nenhum dos corpos d’água analisados recebeu a classificação ótima. Quem liderou o ranking foi o Rio Doce, em Linhares/ES, com 34 pontos. A surpresa mais desagradável, porém, veio do Lago do Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, que recebeu apenas 17 pontos.
Entretanto, os Índices de Qualidade da Água (IQA) mais baixos pertencem aos rios Tietê, em São Paulo e Iguaçu, no Paraná. Dos 34 municípios que compreendem a região metropolitana da cidade de São Paulo, 19 não fazem tratamento de esgoto, lançando os dejetos diretamente nos córregos que deságuam no rio. Já em Curitiba existem dois fatores negativos: a poluição passiva ambiental e o alto número de habitantes em torno dele.
Os 10 Rios mais poluídos do Brasil
1. Rio Tietê: na capital paulista;
2. Rio Iguaçu: cidade de Curitiba, no Paraná;
3. Rio Ipojuca: cidade de Recife, em Pernambuco;
4. Rio dos Sinos: Canoas, próximo a capital gaúcha;
5. Rio Gravataí: Canoas e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul;
6. Rio das Velhas: Belo Horizonte, em Minas Gerais;
7. Rio Capibaribe: na capital Pernambucana;
8. Rio Caí: desde Porto Alegre até os municípios de Caxias do Sul e Farroupilha;
9. Paraíba do Sul: abrange os estados do RJ, MG e SP, o trecho mais poluído fica próximo a Companhia Siderúrgica Nacional;
10. Rio Doce: Espírito Santo e Minas Gerais.
Contaminação dos Rios
São três os tipos de contaminação da água: químico, físico e biológico. Juntos eles geram doenças de veiculação hídrica, como a cólera, sérios impactos aos ecossistemas e o empobrecimento das regiões afetadas pela poluição, como aconteceu na região do Mar de Aral, na Ásia Central.
Para piorar a situação, ainda há o problema do desmatamento da vegetação ciliar, às margens dos rios, e a pouca proteção às fontes que prejudica o primeiro tratamento feito naturalmente. Outro agravante é o escoamento de agrotóxicos provenientes da agricultura e o acúmulo de esterco de animais criados em pastagem, que são levados em grandes quantidades pela chuva.
Do lixo urbano, os produtos que mais poluem os rios, lagos e mares são detergentes, óleos de cozinha e automóveis, gasolina, produtos químicos usados em indústrias, tintas e metais pesados como o chumbo, zinco, alumínio e mercúrio.
Toda essa poluição e contaminação obrigam as companhias de tratamento de água a aumentarem gradativamente a aplicação de sulfato de alumínio para a separação de dejetos, além do uso de mais cloro e flúor, comprometendo a qualidade da água.
Revitalização dos Rios
Para mudar essa realidade, é preciso, antes de tudo, conscientizar a população de que a água é um bem comum, essencial para a existência, e que não durará para sempre se continuar sendo usada descontroladamente e tratada com descaso.
Algumas atitudes de revitalização dos rios também podem contribuir para melhorar a qualidade natural da água, como o que foi feito no rio Tâmisa, na Inglaterra. Considerado o mais sujo da Europa no século XIX, atualmente está 100% livre dos esgotos.
Grande parte da poluição hídrica brasileira localizada próxima aos grandes centros urbanos deriva das ligações clandestinas de esgoto doméstico na rede de coleta de águas pluviais (chuva), muitas vezes as ligações são feitas por pessoas desabilitadas que confundem a rede de esgoto com a pluvial.
Para sanar este problema é necessário fazer uma rigorosa fiscalização em todos os imóveis e observar se o esgoto está sendo despejado corretamente, caso contrário é necessário a orientação dos proprietários e aplicação de penalidades se nada for corrigido.
Outra questão é a contaminação hídrica proveniente dos setores industriais e agropecuários, responsáveis pela maior parte do consumo de água. Todo o efluente gerado por estes setores devem receber tratamento adequado antes de serem reintegrados às bacias. Medidas de reuso industrial e técnicas agrícolas que consumam menos água devem ser utilizadas para evitar o desperdício.
As Estações de Tratamento de Esgoto (ETE’s) no Brasil deveriam ser frequentemente avaliadas, o ideal é que o ponto de captação de água feita pelas Estações de Tratamento de água (ETA’s) recebesse a água proveniente dos efluentes da Estação de Tratamento de Esgoto, como acontece em países europeus, obrigando as ETE’s utilizarem padrão máximo de qualidade no tratamento do esgoto.
Em São Paulo, dois projetos trabalham na revitalização dos rios. Um deles faz parte do Projeto Pomar, que atua na despoluição do rio Pinheiros. O outro é o Projeto Tietê, com o objetivo de aumentar a capacidade de coleta, interceptação e tratamento de esgotos da região metropolitana.
Mas, não são somente as esferas públicas e privadas que devem se preocupar em cuidar da preservação dos rios brasileiros. Como cidadãos, consumidores e seres humanos devemos utilizar práticas sustentáveis: Reduzir o consumo de água, NÃO jogar óleo na pia da cozinha, fazer o descarte correto de óleo e materiais tóxicos, usar detergentes biodegradáveis, NÃO jogar lixo nos rios e conferir se a ligação de esgoto e água estão corretos.