Uma ameaça silenciosa vem causando problemas à vida marinha brasileira. Um tipo de coral, trazido do Oceano Pacífico e Índico por plataformas de petróleo e navios, vem se reproduzindo rapidamente – principalmente – na costa do Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e Bahia e dificultando a sobrevivência de várias espécies nativas.
O Coral-sol é um animal cnidário (do mesmo grupo das águas-vivas) que se reproduz de forma assexuada, provoca a extinção dos corais nativos e pode reduzir a oferta do pescado em longo prazo. Ele foi identificado no Brasil pela primeira vez na década de 1980, no Rio de Janeiro. Hoje são encontradas duas espécies em nossas águas: Tubastraea coccinea e Tubastraea tagusensis.
Ao contrário de outros tipos de outros corais, o Coral-sol não contribui para a construção da estrutura recifal e não possui microalgas zooxanteladas em seus tecidos, aquelas que ajudam os corais em sua nutrição. Se não bastasse, a espécie ainda conta com uma alta taxa de crescimento, por conta e estratégias muito eficientes de reprodução. Assim, em uma competição por especo nos recifes, o ‘invasor’ leva vantagem, causando uma latente redução da biodiversidade marinha.
A capacidade reprodutiva do coral-sol é duas a três vezes maior do que as espécies brasileiras e cada colônia pode liberar cerca de 5 mil larvas. Professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Joel Creed, maior detentor de conhecimento sobre o assunto, destacou o perigo da situação em um parecer técnico sobre a incidência nociva do coral-sol.
“Redução de riqueza e biodiversidade biológica. Espécies economicamente ou ecologicamente importantes, endêmicas, raras, podem ser extintas ou ter suas populações reduzidas”.
Até a produção pesqueira pode ser afetada pelo invasor. Em 2012, 65% das espécies de peixes da costa brasileira se alimentavam nos recifes construídos pelos corais nativos. Com a chegada do coral-sol, a comida destas espécies diminui o que faz com que os peixes procurem outros lugares para se alimentar.
Uma das organizações que vem lutando contra o impacto da ‘praga’ em nosso oceano é o Projeto Coral-Sol. Desde 2006, o Projeto vem executando sua proposta de beneficiar diretamente a sociedade a partir da remoção do bioinvasor, aproveitando esse organismo nocivo ao meio marinho para gerar renda extra para as comunidades litorâneas, recuperar a fauna e flora nativa e também reduzir a exploração ilegal de espécies de corais brasileiros pelo comércio legal de corais invasores.