A natureza conta com diversos fenômenos cíclicos de transformação. Um dos mais fascinantes é a formação dos rios temporários, também chamados de rios intermitentes. Ao contrário dos rios perenes, que nunca secam, os temporários têm suas águas correndo apenas em períodos de maior quantidade de chuva.
Como grande parte dos rios temporários brasileiros está concentrada no Nordeste, região onde as precipitações costumam acontecer principalmente no inverno, é também nesta estação que a maioria dos rios temporários brasileiros se forma. Em estados como o Piauí, este número chega a 80% do total. Assim como por aqui, os rios temporários surgem principalmente em áreas áridas e semiáridas, além dos que são encontrados nas zonas mediterrâneas.
Embora a maioria dos rios brasileiros seja perene, os rios temporários têm grande importância para o equilíbrio ambiental e a biodiversidade das áreas onde se desenvolvem. Mesmo que por curtos períodos, eles auxiliam a sobrevivência de espécies em regiões nas quais a escassez de água é a grande marca.
Portanto, a proteção aos rios intermitentes e à vegetação de suas margens causa polêmica. Em agosto de 2012, a comissão especial do Congresso que analisa a medida provisória do Código Florestal decidiu por votos que somente os rios perenes seriam protegidos dentro das APP’s (Áreas de Preservação Permanente). A decisão provocou a mobilização de ambientalistas de todo o país, que não viam sentido na exclusão dos rios temporários. A pressão surtiu efeito, e os rios intermitentes voltaram a fazer parte do processo de proteção.
Nada mais justo para a proteção de importantes rios temporários brasileiros como o Jaguaribe (maior desse tipo no mundo) e tantos outros – principalmente afluentes do grande e perene Rio São Francisco.