ribeirinhos
Foto: dannieoliveira

Secas e enchentes são fenômenos naturais que marcam o território amazonense. Mas nos últimos três anos os resultados das cheias do Amazonas começaram a preocupar o governo e principalmente as comunidades ribeirinhas às margens do Rio Negro. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) revelou que o nível do Rio Negro atingiu 29,87 metros (9 metros acima da média), dado estimado em maio de 2013. A cheia amazônica preocupou os moradores de Manaus no último mês. De acordo com a Defesa Civil de Manaus, o fenômeno atingiu as casas de 18 municípios, por conta disso 43 mil famílias tiveram que ser atendidas com cestas básicas, medicamentos e itens de higiene pessoal. Para chegar até as comunidades, Cleodivan Menezes, chefe de Divisão de Suporte do órgão, explica que são construídos mais de 4 mil m² de ponte para ter acesso a mais de 3 mil casas isoladas. Além da moradia precária, outro problema está relacionado à saúde. Os riscos de a população contrair doenças como hepatite, cólera e leptospirose aumentam, pois a elevação do nível do rio facilita o contato com a água contaminada. O infectologista do Hospital de Medicina Tropical, Antonio Magela, alerta as pessoas para terem o mínimo de contato com esta água. “Evitem utilizá-la para beber, tomar banho ou lavar utensílios”, ressalta Magela.

Efeito inverso

Seca no Rio Negro
Seca no Rio Negro
Foto: pensarenlouquece

Difícil imaginar que a Amazônia que sofre com a abundância de água também é afetada pela falta dela. O estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da Universidade britânica de Leeds apontam que as secas em 2005 e 2010, as mais severas em 100 anos, resultaram no efeito inverso da floresta tropical. O bioma que era responsável por sequestrar o gás carbônico e absorver 2 bilhões de toneladas de gases tóxicos, por causa da morte de árvores na estiagem de 2005 houve um acúmulo destes gases na atmosfera, que ainda contribuiu na produção de mais 3 bilhões de toneladas. Com isso o equilíbrio da emissão de gases estufa foi alterado de tal maneira que os danos à floresta tropical podem ser considerados permanentes, fazendo com que a Amazônia demore vários anos para se recuperar, alerta a Revista PNAS (Proceedings of Nacional Academics of Science).

Solução

grama híbrida
Foto: AP/BBC

Cientistas britânicos publicaram em um artigo da Scientific Reports a criação de uma grama híbrida para reduzir o índice de enchentes. A nova grama é uma mistura das espécies Lollium perenne – normalmente usada para pastos – e Festuca pratensis, mais resistente. Kit Macleod, do Instituto James Hutton de pesquisas agrícolas, disse que já havia um projeto de longo prazo para desenvolver novas gramas, mas o benefício ambiental ainda não havia sido testado. Em entrevista a BBC, Macleod disse que teve a ideia de fazer um experimento para descobrir como essas gramas poderiam beneficiar a produção dos agricultores e reduzir índices de inundações. “Há muito interesse em lidar com terras agrícolas de forma a produzir benefícios múltiplos, sobretudo no que diz respeito a questões ambientais, diante de mudanças nas chuvas e nos padrões de temperatura”, comenta Macleod.