A Suécia está fazendo uma revolução de reciclagem. O projeto é tão forte que levou o país a chegar perto do zero desperdício. Atualmente, menos de 1% do lixo residencial local acaba indo para aterros sanitários. O país escandinavo se tornou tão bom em gerenciar resíduos que precisa importar lixo do Reino Unido, Itália, Noruega e Irlanda para alimentar as 32 usinas de energia movidas a lixo.
A importância com a qual a Suécia lida com o assunto foi muito bem ilustrada pelas palavras de Anna-Carin Gripwell, Diretora de Comunicações do programa dedicado ao manuseamento de lixo do país, em um depoimento: “Os resíduos são uma commodity diferente do passado. Não são só lixo, são negócios”.
O povo sueco produz a mesma quantidade de resíduos por ano que outros europeus, mas mais de dois milhões de toneladas de lixo por ano, quase 50% dos resíduos produzidos pelo país, são transformadas em energia nas 32 usinas do Projeto WTE (“Waste-To-Energy”, em tradução literal “Desperdice para energia”).
As usinas do WTE contêm grandes incineradores de lixo. Por conta da queima, é produzido o vapor responsável por girar as turbinas dos geradores produtores de eletricidade. A eletricidade, então, é transferida para as linhas de transmissão e distribuída por todo o país.
Por incrível que pareça, as usinas WTE fornecem aquecimento para quase um milhão de casas e energia elétrica para 250 mil. Portanto, não se trata apenas de reduzir a quantidade de lixo que acaba em aterros, mas também a redução da dependência de combustíveis fósseis.
No núcleo do programa de gestão de resíduos da Suécia, a sua hierarquia é destinada a reduzir o dano ambiental. Os destinos mais “limpos” são privilegiados: a prevenção (reduzir a quantidade de lixo), reutilização, reciclagem, alternativas de reciclagem (recuperação de energia através de usinas WTE) e, por último, a eliminação (aterro).
Mas o que acontece com os impactos ambientais que a incineração do lixo causa? O processo gera bioprodutos, como cinzas que contêm dioxinas, uma classe de contaminante químico. No entanto, ao longo dos anos, a Suécia melhorou significativamente o processo e seus derivados são limpos, o que significa que apenas uma pequena quantidade de dioxinas é dispersa na atmosfera.