O lodo de esgoto é um desafio para o saneamento, principalmente das grandes cidades, já que necessita de tratamento específico e de aterros adequados para o seu descarte. O que nem todos sabem, é que este lodo também é rico em resíduos orgânicos e por isso pode ser de grande utilidade na agricultura.
Gerado durante o tratamento das águas residuais das Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), o lodo tem como destinação mais comum os aterros sanitários. A operação de seu correto descarte tem custo elevado e chega a representar metade de todo o valor gasto em uma ETE. A elevada carga orgânica do material apresenta-se, ainda, como um desafio extra no já complexo cenário do manejo do lixo urbano.
Por esses fatores, o uso do lodo de esgoto no solo, visando o incremento da produção agrícola, tem potencial para auxiliar no desenvolvimento sustentável de cidades e ainda fortalecer o trabalho de agricultores de diferentes portes.
É importante salientar, porém, que para enriquecer o solo, o lodo de esgoto precisa passar por tratamentos adequados e cuidadosos, sobretudo para evitar a contaminação por substâncias tóxicas e materiais pesados. Além disso, é fundamental a presença de profissionais capazes de verificar se a aplicação do lodo não causará nenhum tipo de contaminação no ecossistema agrícola e em seus arredores.
Mesmo diante da necessidade desse manejo especial, diversos são os países que escolhem criar práticas amplas de uso do lodo de esgoto em sua agricultura. Nos Estados Unidos, por exemplo, aproximadamente 65% de todo o logo gerado tem como destinação final as lavouras. No Brasil, este número ainda não ultrapassa os 3%.
Como caminho para uma destinação mais sustentável a esta matéria orgânica, a utilização agrícola é realmente uma solução desejável, mesmo com a necessidade de ser cercada de cuidados para funcionar sem afetar o meio ambiente. O lodo de esgoto, além de melhorar a produção agrícola, ainda tem o potencial de recuperar áreas degradadas de solo, que estejam sofrendo de erosão e outros problemas similares. Trata-se, portanto, de mais uma riqueza carecendo de conhecimento e investimento para ter seu uso expandido no país.