Há algum tempo a população de São Paulo convive com as más notícias sobre a poluição do Tietê e as consequências desastrosas que a situação gera para o meio ambiente e a qualidade de vida. Porém, aos poucos, a realidade vem se transformando por várias partes da extensão do rio mais importante do estado.
Segundo o relatório “O Retrato da Qualidade da Água e a evolução parcial dos indicadores de impacto do Projeto Tietê”, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica na última quinta-feira (18), o trecho considerado “morto” do rio Tietê foi reduzido em 70,7% nos últimos quatro anos e hoje se localiza entre os municípios de Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus, um segmento de 71 quilômetros no qual os índices ainda variam de ruim a péssimo.
O Projeto Tietê foi iniciado em 1993, quando o rio estava morto em 530 quilômetros, de Mogi das Cruzes até o reservatório de Barra Bonita. Em 2010, o programa alcançou o final de sua segunda etapa e o trecho de rio morto compreendia uma extensão de 243 quilômetros, de Suzano até Porto Feliz. Portanto, a redução alcançada em 2014 foi de 86,6% em relação a 1993 e de 70,7% em relação a 2010.
“Apesar de boa notícia, é importante destacar que, para que o Tietê se recupere em São Paulo da forma que a população espera, é preciso aprimorar a legislação e fazer o controle de lançamentos de efluentes industriais e domésticos. Houve um desmonte da fiscalização e hoje os lançamentos são declaratórios, e ainda ocorrem muitos lançamentos clandestinos e irregulares”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.
O relatório é resultado do monitoramento da qualidade da água dos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê, que abrangem 68 municípios paulistas, num trecho de 576 quilômetros, entre Salesópolis e Barra Bonita. No total, 82 pontos foram analisados entre setembro de 2013 a setembro de 2014.
Até agora, na Região Metropolitana da capital paulista, investimentos em saneamento básico possibilitaram que 18 pontos de coleta distribuídos em córregos e pequenos rios de São Paulo deixassem uma condição péssima (rios completamente mortos) e passarem para índices ruins, regulares e bons.
Para os próximos anos, o Projeto Tietê tem como nova meta a universalização do saneamento em São Paulo entre os anos de 2018 e 2020, com a recuperação dos rios.