A cirurgia com prótese 3D não é inédita no Brasil. Vocês se lembram do jabuti que ganhou um casco novo depois de passar por um incêndio na mata? Agora esta tecnologia vem ajudar um tucano a ganhar um bico novinho e voltar a comer. Seis pesquisadores se dedicaram durante duas semanas ao planejamento da operação e à criação do material chamado PLA, composto de ácido polilático, um derivado do milho. O material foi produzido em Santos e levado até Jundiaí (SP) onde foi realizada a operação.
Em entrevista para o site G1 o designer Cícero Moraes explica que o bico possui cerca de 10 centímetros e pesa poucas gramas. Para que o projeto fosse possível, os especialistas usaram a técnica da fotogrametria, que reconstitui de cenas de crimes, até crânios ou monumentos arquitetônicos, e já é utilizada em várias áreas do conhecimento, como o Direito e a Arqueologia. Agora ela pode também servir como uma boa alternativa para salvar vidas.
“Esse tucano não conseguia comer, então, se não fizéssemos a operação ele literalmente morreria de fome. Tínhamos que pensar em algo que o ajudasse. É um trabalho voluntário que envolve muita gente, uma equipe multidisciplinar e estamos aprendendo também”, diz o médico veterinário, Roberto Fecchio.
O tucaninho verde salvo já tinha passado por outra tentativa cirúrgica sem sucesso. Da primeira vez, tentaram utilizar um bico de cadáver, mas ele não possuía as medidas completamente compatíveis com a da ave e quebrou.
Além de Cícero Moraes e Roberto Feccgio também participaram da equipe Paulo Miamoto, especialista em odontologia forense que imprimiu a prótese, Bruna Bayarri, médica veterinária anestesista e Rodrigo Rabello e Matheus Rabello, médicos veterinários especialistas em animais selvagens.
Logo após a cirurgia o tucaninho já voltou a se alimentar. Agora, os especialistas aguardam a evolução do caso. Enquanto se recupera, o animal permanece no Centro de Conservação Associação Mata Ciliar, em Jundiaí.
O tucano-de-bico-verde, como é conhecida a espécie dessa ave, é encontrado nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e costuma se alimentar de frutos, artrópodes, pequenos vertebrados e, com freqüência, de filhotes e ovos em ninhos de outras aves.