Relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) faz um triste alerta sobre a fauna e flora mundial: um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção.
O apontamento foi feito com a participação de 145 cientistas de 50 países e o estudo é considerado o mais extenso sobre perdas do meio ambiente.
Elaborado com base na revisão de mais de 15 mil pesquisas científicas e fontes governamentais, o relatório destaca cinco principais causas do grande impacto na natureza nas últimas décadas. São elas a perda do habitat natural, exploração das fontes naturais, mudanças climáticas, poluição e espécies invasoras.
Três quartos do ambiente terrestre e cerca de 66% do ambiente marinho foram significativamente alterados por ações humanas. Em áreas mantidas ou gerenciadas por povos indígenas e comunidades locais, essas tendências foram menos severas ou, até mesmo, evitadas.
Outro ponto destacado é que um terço das áreas terrestres e 75% do uso de água limpa é para plantação e criação de animais para alimentação. O valor da produção agrícola aumentou cerca de 300% desde 1970, a derrubada de madeira teve elevação de 45% e aproximadamente 60 bilhões de toneladas de recursos renováveis e não renováveis são extraídos globalmente a cada ano.
Problema antigo
Desde 1900, a média de espécies nativas na maioria dos principais habitats terrestres caiu em pelo menos 20%. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos estão ameaçados . Pelo menos 680 espécies de vertebrados foram levadas à extinção desde o século 16.
O relatório diz ainda que desde 1980 as emissões de gás carbônico dobraram, levando a um aumento das temperaturas do mundo em pelo menos 0,7 ºC.
Todos esses problemas são resultantes da atividade humana e constituem uma ameaça direta ao bem-estar da sociedade em todas as regiões do planeta, ressaltam os cientistas.
Reflexos
A perda de biodiversidade não é apenas um problema que reflete na questão ambiental, mas também impacta no desenvolvimento, na economia, na segurança e nas questões social e moral.
Segundo o relatório, as atuais tendências negativas impedirão em 80% o progresso das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, relacionadas à pobreza, fome, saúde, água, cidades, clima, oceanos e terra.
A situação desencadeia série de fatos críticos. A degradação da terra, por exemplo, reduziu a produtividade de 23% da superfície terrestre global, até US$ 577 bilhões em safras globais anuais estão em risco de perda de polinizadores.
As áreas urbanas dobraram desde 1992 e entre 100 milhões a 300 milhões de pessoas estão em risco aumentado de enchentes e furacões, devido à perda de habitats e proteção da costa.
Outro grande impacto são os fertilizantes que entram nos ecossistemas costeiros e produziram mais de 400 “zonas mortas” oceânicas, totalizando mais de 245.000 km² — uma área combinada maior que a do Reino Unido. Além disso, de 300 a 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, lamas tóxicas e outros resíduos de instalações industriais são despejados anualmente nas águas do mundo.
Como podemos ajudar?
Mesmo morando em grandes cidades, é possível fazer algo para evitar que o meio ambiente chegue ao colapso.
Plantar árvores nativas nas cidades é uma ótima alternativa para atrair animais.
Ainda sobre a preservação da fauna, não compre animais que venham do comércio ilegal. Verifique se a loja que comercializa bichos silvestres é autorizada e, qualquer suspeita de ilegalidade, denuncie aos órgão ambientais ou ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis): 0800-61-8080
Propague a educação ambiental e a importância de se preservar a fauna e a flora para garantir, também, a nossa própria sobrevivência.
Na esfera pública, o relatório pontua que os governos devem trabalhar em conjunto para a implementação de leis e produção mais sustentável.
Os cientistas salientam que é possível melhorar a sustentabilidade na agricultura, planejando áreas de plantação para que elas forneçam alimentos e ao mesmo tempo apoiem as espécies nativas.
Outras sugestões incluem a reforma de cadeias de suprimento e a redução do desperdício de alimentos.
Quanto à questão da preservação da vida marinha, o relatório sugere cotas de pesca efetivas, demarcação de áreas protegidas e redução da poluição que vai da terra para o mar.