Em meio ao oceano Pacífico, uma enorme camada flutuante de plástico, com proporções continentais, ameaça a vida de diversas espécies marinhas e coloca em risco a saúde do planeta. A descrição pode parecer sinopse de filme de ficção científica – destes que preveem os fins mais trágicos e apocalípticos para a humanidade –, mas a ilha de lixo, ou 7º continente, como também é chamada, apesar de pouco conhecida, é uma realidade assustadora e absurda que tem causado danos ao meio ambiente.
A mancha de lixo, situada a meio caminho entre as costas da Califórnia e o Havaí, se estende por cerca de 1.000 Km e é formada por aproximadamente 4 milhões de toneladas de todo tipo de objeto plástico. São garrafas, embalagens, redes de pesca, sacolas e milhares de fragmentos de materiais que um dia já estiveram em terra firme, formando uma camada que atinge até 10 metros de profundidade em alguns pontos. Descoberta em 1997, pelo oceanógrafo americano Charles Moore, a ilha de lixo do Pacífico tem sido alvo de inúmeros estudos que visam analisar o impacto da poluição sobre a vida marinha.
O amontoado de lixo que se estende pelas águas do Pacífico é resultado do acúmulo de materiais despejados nas praias ou pelas embarcações em alto mar. Estima-se que das 100 milhões de toneladas de plástico produzidas em um ano, 10% acaba no mar. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, existe, em média, cerca de 18 mil pedaços de plástico visíveis flutuando em cada quilômetro quadrado de mar. Arrastado pelas correntes marítimas, esse montante se acumula para formar o amontoado assustador, digno de superprodução apocalíptica hollywoodiana.
A ilha de lixo tem causado danos à vida marítima. Os resíduos flutuantes se prendem aos animais dificultando a locomoção e, muitas vezes, são confundidos com alimento pelos peixes e aves, provocando danos no sistema digestivo. Além disso, o material descartado também tem retornado à costa de algumas ilhas, comprometendo os cenários litorâneos e a vida de outras espécies. É o caso das Ilhas Midway, situadas entre o Havaí e Tóquio, que têm sofrido com a invasão do lixo, problema que foi retratado no documentário “Midway”, criado pelo fotógrafo americano Chris Jordan.
Assista ao documentário:
Apesar de ameaçador, o problema não tem recebido grande atenção das autoridades. O principal motivo é que a placa flutuante de lixo se encontra em águas de pouca utilização, tanto para navegação comercial quanto para o turismo. Por enquanto, a situação tem preocupado apenas ecologistas e cientistas.