A ventilação inadequada é a principal causa da Síndrome do Edifício Doente (SED). Sem a manutenção adequada, os sistemas de ventilação e de ar-condicionado são infestados por bactérias e partículas de sujeira que acabam aspiradas por pessoas e animais, causando principalmente problemas cardiorrespiratórios.
A renovação do ar em edifícios é muito restrita e esta situação somada à falta de limpeza adequada dos condutores de ar, à poluição, aos ácaros e protozoários de cortinas e carpetes mal limpos e ao uso de tintas com compostos orgânicos voláteis, por exemplo, cria uma combinação nociva para os pulmões.
Aproximadamente 25% dos casos de SED ocorrem por conta de fungos e por endotoxinas espalhadas nos sistemas de ventilação; 15% por causa da poeira e 12% estão ligados à presença de bactérias. Os demais casos se dividem entre baixa ou alta umidade do ar, presença de formaldeído (substância de inseticidas), suspensão de fibras de vidros e de partículas de tintas, entre outros motivos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas comuns passam até 80% de sua vida em ambientes fechados, respirando até 10 mil litros de ar por dia. Cerca de 60% dos que frequentam ambientes fechados diariamente são acometidas por algum mal consequente da SED: sofrem com o ressecamento da mucosa nasal e ocular, agravamento dos sintomas de rinite e asma, lacrimejamento, congestão, além de dores de cabeça, náuseas, tonturas e fadiga.
Se 20% dos frequentadores de um prédio sentirem alguns dos sintomas citados acima é possível que o local esteja mal arejado e causando a síndrome em seus funcionários e clientes, diz a OMS.
Apesar de a síndrome ser conhecida desde a década de 70, não é fácil relacionar esses sintomas ao edifício em que se trabalha, vive ou estuda, já que a SED não é uma doença tão conhecida do público. Os afetados pela síndrome têm dificuldade de diagnóstico, pois muitas vezes o médico não detecta nenhuma doença crônica, apenas sintomas casuais.
A principal doença da SED é causada pela bactéria Legionella Pneumophila, que se dissemina pelo ar-condicionado e afeta o pulmão de quem a respira. A legionelose pode causar a morte por insuficiência respiratória e é a maior preocupação de quem estuda a Síndrome do Prédio Doente.
No Brasil, o controle da qualidade do ar em ambientes climatizados artificialmente é regulamentado desde 1998 pela Portaria n° 3.523, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A lei determina que sejam feitas manutenções, limpezas e desinfecção periódicas em todas as partes dos sistemas de ventilação e ar condicionado; a maneira adequada de limpar cada ambiente, com a utilização de produtos menos agressivos; substituição dos filtros de ar; e a correta localização dos sistemas de captação de ar externo, bem como os padrões de ventilação adequados em novas construções.