Instituído no Brasil na década de 1960, o termo “deserto verde” se refere a grandes áreas cobertas por um tipo de vegetação introduzida de maneira artificial pelo ser humano. Essa ação pode ser por meio de reflorestamento com espécies consideradas não nativas ou mesmo por meio de plantações em larga escala.
O deserto verde mais conhecido é o de plantação de árvores para a produção de papel e celulose. Neste sentido, as árvores mais utilizadas para este cultivo são o eucalipto, pinus e acácia.
A plantação da primeira cresce desenfreadamente no Brasil todos os dias. Estima-se que sejam mais de 720 hectares dia, equivalente a 960 campos de futebol, segundo estimativas da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas.
Os estados de Minas Gerais, São Paulo e Bahia lideram o ranking, mas o deserto verde se alastra também por outros estados do sul e nordeste do país. No Paraná, inclusive, são mais de 900 mil hectares de eucalipto e pinus plantados.
De acordo com especialistas, esses ecossistemas não são capazes de sustentar uma comunidade de animais e outras formas de vida. Esse sistema de monocultura também acontece nas lavouras de cana e soja, onde é comum a utilização de técnicas intensivas de manejo, como agroquímicos, que são capazes de esterilizar o solo e impedir a colonização por outras plantas e animais. No entanto, ainda assim, esses desertos ainda podem funcionar como corredores entre florestas, permitindo o intercâmbio das espécies que nelas vivem.
Economia x Natureza
Os benefícios desse sistema de plantio são muitos, economicamente falando. As empresas utilizam essas florestas para fabricar mais celulose e, com isso, importar cada vez mais. No entanto, apesar disso, alguns especialistas vão contra o movimento e não apoiam a ideia de desertos verdes.
Isso porque, o sistema tem efeitos negativos no meio ambiente, com a desertificação, erosão, vazio em biodiversidade e populações humanas.
Estudos revelam que a monocultura do eucalipto, por exemplo, consome tanta água que pode afetar significativamente os recursos hídricos, com o assoreamento dos rios. Essa situação gera um problema não só aos animais, mas também à população, já que há impedimento na produção de qualquer tipo de alimento, com a improdutividade da terra.
Além disso, as próprias indústrias são grandes consumidoras do recurso hídrico, o que agrava ainda mais o problema. Neste sentido, muitas companhias vêm investindo em produção de baixo impacto, com mecanismos que permitem a reutilização e reaproveitamento da água, e com projetos que visam à redução de energia gasta.