Uma das mais interessantes características observadas na natureza é a da adaptação: espécies transformam-se de acordo com as necessidades dos territórios que habitam, adquirindo novas habilidades capazes de assegurar a sua sobrevivência.
As plantas carnívoras são resultantes deste mesmo processo criativo natural: advindas de solos pobres e encharcados e com quantidade insuficiente de substâncias essenciais como o nitrato, elas literalmente aprenderam a buscar nutrientes a partir de outras fontes em um lento processo evolutivo. Assim passaram a capturar insetos e a extrair deles compostos nitrogenados.
Estima-se que existam pelo menos 600 diferentes tipos de plantas carnívoras. Mesmo com esta capacidade de se alimentarem de outros animais, dividida apenas com os seres do reino animal, as plantas carnívoras carregam todas as características dos seres vegetais passando, portanto, pelo processo da fotossíntese. Nativas da faixa tropical, elas podem ser encontradas principalmente no sudeste asiático, em todo o continente americano e Austrália, e, em menor quantidade, no sul da Europa e África.
Após milênios de evolução natural, as plantas carnívoras criaram um sistema bastante sofisticado para atrair e capturar as suas presas (insetos e larvas). As folhas desses tipos de planta apresentam adaptações morfológicas e fisiológicas especializadas na atração, captura e digestão dos animais. Estas verdadeiras armadilhas estão muitas vezes recobertas por muco, uma espécie de cola que retém as presas. Em alguns casos as folhas podem até possuir a capacidade de movimentar-se, especialmente para aumentar a eficácia da captura.
Cores intensas e odores fortes e adocicados são outras estratégias das plantas carnívoras para garantirem seu complemento alimentar. Embora todos esses estratagemas possam, de alguma forma, parecer violentos e assustadores, são na verdade uma demonstração de como a vida é capaz de se reinventar para continuar seguindo adiante.