Uma pesquisa recente feita pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) indica que 77% dos brasileiros consideram que a proteção do meio ambiente deve ser priorizada em relação ao crescimento econômico, mesmo que isso signifique menos empregos. Apenas 13% colocam o desenvolvimento da economia e geração de empregos como prioridade.

Esse foi o segundo ano consecutivo da pesquisa de opinião que ouviu 2.600 pessoas de todas as regiões do Brasil por meio de entrevistas por telefone feitas entre setembro e outubro de 2021. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Economia versus Ecologia

A relação entre proteção ambiental e crescimento econômico foi incluída na pesquisa em referência aos discursos do atual governo federal, que defende a flexibilização das leis ambientais.

No entanto, estudiosos de sustentabilidade defendem que o desenvolvimento econômico só tem chances de prosperar quando pautado em práticas que preservam o meio ambiente.

Além disso, estudos também indicam que o colapso da biodiversidade e dos ecossistemas pode trazer grandes perdas econômicas, em especial, para países em desenvolvimento.

Mudanças climáticas preocupam

O levantamento indicou que para 96% dos brasileiros o aquecimento global está realmente acontecendo, sendo uma questão “muito importante” para 81%. Além disso, 77% afirma que a ação humana é a principal causa, enquanto que 11% acham que o fenômeno é resultado de mudanças naturais do meio ambiente.

A preocupação da população também foi evidenciada pelo resultado: 75% dos brasileiros acreditam que os efeitos do aquecimento global podem prejudicá-los ou prejudicar suas famílias. Um dado curioso é que, mesmo demonstrando preocupação com o tema, apenas 21% indicaram saber muito sobre o fenômeno.

Rosi Rosendo, diretora de inteligência do Ipec, comenta que a pesquisa indica que a alta preocupação dos brasileiros com o clima está mais conectada com a vivência dos impactos ambientais negativos do que com a discussão geral do tema em noticiários, algo que é evidenciado pelas respostas de entrevistados que vivem em regiões onde aconteceram queimadas.

Não é à toa que o desmatamento da Amazônia entrou na pauta do estudo. Para 74% da população, as queimadas não são necessárias para o desenvolvimento da economia e 86% concordam que a prática prejudica a imagem do Brasil no exterior, causando danos além do âmbito ambiental.

Quanto aos responsáveis, os brasileiros apontam os seguintes responsáveis: madeireiros (76%), pecuaristas (49%) e políticos (38%).

No entanto, apesar da pesquisa indicar uma alta preocupação pelos brasileiros, seu engajamento prático ainda pode melhorar: 75% declaram separar o lixo reciclável, 58% deixam de comprar produtos que prejudicam o meio ambiente e apenas 45% afirmam ter votado em políticas por suas propostas ambientais.

Quando perguntados sobre quem pode resolver o problema das mudanças climáticas, a maioria atribuiu a responsabilidade ao governo (37%), empresas e indústrias (32%), à população (24%) e às ONGs (4%).

Portanto, o resultado da pesquisa deixa evidente a preocupação dos brasileiros com as mudanças climáticas e a necessidade do governo e iniciativa privada terem metas claras de sustentabilidade que resolvam esse problema de uma vez por todas.

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Fontes: CNN Brasil | Metro 1 | Uol