Os produtores de tomate na Índia central, atormentados pela volatilidade do clima, encontraram um aliado incomum: a inteligência artificial (IA). A startup do Vale do Silício, ClimateAi, desenvolveu uma plataforma alimentada por IA para avaliar a vulnerabilidade das plantações ao aquecimento global nas próximas duas décadas.
Utilizando dados climáticos, hídricos e do solo, a plataforma simula cenários, como visto no estudo de caso de Maharashtra, Índia, em 2021. Produtores, munidos do aplicativo ClimateAi, receberam alertas sobre a redução prevista de 30% na produção de tomates, impulsionada por calor extremo e seca. Essa informação permitiu adaptações, como mudanças para sementes mais resistentes.
A eficácia dessas simulações ilustra o potencial transformador da IA na abordagem das mudanças climáticas. Ao oferecer análises preditivas sobre riscos agrícolas futuros, a IA pode catalisar adaptações proativas. Himanshu Gupta, CEO da ClimateAi, enfatiza que a IA atua como um “multiplicador de tempo e eficácia” nas soluções climáticas, acelerando a tomada de decisões cruciais.
IA na frente de batalha contra as mudanças climáticas
O reconhecimento público da IA em 2023, impulsionado por ferramentas como o ChatGPT, sinalizou uma revolução tecnológica em várias indústrias. Especialistas agora visualizam a IA como um catalisador para enfrentar as mudanças climáticas, acelerando desde a redução da poluição até a melhoria dos modelos meteorológicos.
A eficiência da IA, destacada por sua capacidade de otimizar decisões e recursos, a torna uma aliada valiosa. Fengqi You, professor da Universidade Cornell, enfatiza a força preditiva da IA, útil em domínios que variam de sistemas climáticos a interações moleculares em pequena escala.
IA na descoberta científica e soluções práticas
Além de aprimorar modelos climáticos, a IA está sendo usada em diversas frentes. Desde modelagem para previsão de grandes inundações até pesquisas sobre materiais de captação de carbono, a IA acelera a descoberta científica. Projetos como o Cool Down buscam simplificar a comunicação sobre a crise climática usando IA para direcionar informações específicas aos usuários.
Ao acelerar descobertas, a IA se torna uma ferramenta valiosa em iniciativas de restauração ambiental, como o replantio de ervas marinhas. Prever a demanda de energia e otimizar a oferta de fontes renováveis são outros campos de aplicação prática.
Desafios e considerações ambientais
Apesar de suas promessas, a IA não está isenta de desafios. O consumo energético considerável dos centros de dados que suportam a IA pode contradizer seus benefícios ambientais. A AWS, por exemplo, busca ser “positiva para a água” até 2030, devolvendo mais água do que consome.
Os legisladores devem ponderar o impacto ambiental da infraestrutura da IA, especialmente em áreas dependentes de combustíveis fósseis. O equilíbrio entre os benefícios e custos ambientais da IA é crucial.
Embora a IA esteja no estágio inicial de sua aplicação nas mudanças climáticas, os especialistas enfatizam seu potencial transformador e instam os reguladores a considerarem cuidadosamente seu papel no cenário ambiental global em constante mudança.
Com informações CNN Brasil.