Publicação foi desenvolvida em parceria entre Ancat e Pragma e traz dados importantes para o setor
Foi lançado no início deste mês o primeiro Anuário da Reciclagem, com dados referentes aos anos de 2017 e 2018. O material foi desenvolvido em parceria entre a Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat) e a empresa Pragma Soluções Sustentáveis.
O Anuário consolida informações sobre a cadeia da reciclagem no Brasil, além de demonstrar a importância do trabalho dos catadores de materiais recicláveis. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, o SNIS, apenas 22% dos municípios do Brasil possuíam coleta seletiva pública, e aproximadamente 15% dos municípios possuem pelo menos uma Cooperativa ou Associação de Catadores de Materiais Recicláveis com incentivo público.
O relatório acompanha dados sobre preços, principais materiais e volume de resíduos sólidos processados pelas organizações de Catadores de todo o Brasil. Ao todo são analisados 270 cooperativas e associações presentes em 148 municípios e 20 Estados brasileiros.
População mais consciente, mas ainda pouco participativa
O documento mostra que o nível de conscientização da população com relação às questões socioambientais é alto, mas a participação poderia ser maior. De acordo com o Anuário, 98% da população enxergam a reciclagem como algo importante para o futuro, porém, 39% ainda não separam o lixo orgânico do reciclável. Além disso, 66% sabem pouco ou nada sobre coleta seletiva. Esses dados deixam claro que ainda há muito para ser feito em relação ao engajamento da população na participação da separação seletiva dos resíduos.
Quais os recicláveis mais coletados?
O Anuário mostra ainda que nos anos de 2017 e 2018 o material com maior volume coletado foi o papel, totalizando aproximadamente 96 mil toneladas nos dois anos analisados, representando em média 64% do total coletado.
Já o segundo material mais coletado foi o plástico: com 26 mil toneladas no total, equivalentes a 17%. Os principais plásticos coletados e comercializados pelas organizações foram o PET, PVC, PEAD, PEBD e PP (polipropileno), representando 38% do valor comercializado nos anos de 2017 e 2018.
De acordo com o estudo, o processo de reciclagem reduz o potencial de emissões de gás carbônico e metano, contribuindo para a redução do efeito estufa e ajudando a refrear o aquecimento global. O volume recuperado pela atividade das cooperativas e associações equivale a um potencial de 36 mil toneladas de CO2e (2017) e de 29 mil toneladas de CO2e (2018). Esse potencial decorre, principalmente, da diminuição da produção de materiais virgens equivalente ao volume coletado (82% do potencial de redução de CO2e total), enquanto os 18% restantes resultam da redução do descarte de resíduos em locais como aterro e lixões, diminuindo o metano emitido durante a decomposição anaeróbica dos materiais.
“De forma inconsciente os catadores estão contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Isso mostra a importância desses catadores para toda a sociedade. O lançamento do Anuário é um marco, um instrumento que coloca números muito claros da reciclagem do Brasil e a participação dos catadores nesse processo”, afirmou Roberto Laureano Rocha, presidente da Ancat, durante o evento de lançamento do Anuário.
Para ler o primeiro Anuário da Reciclagem, clique aqui.