No ano passado a classe média brasileira chegou a movimentar cerca de R$ 1 trilhão com bens duráveis e não duráveis, segundo informações do governo. Isso corresponde a aproximadamente 100 milhões de brasileiros. Até o final deste ano, as estimativas do Instituto de Pesquisa Data Popular são que R$ 1,2 trilhão devem ser gastos pela classe C, sendo R$ 48,6 bilhões destinados exclusivamente para construção e reforma da casa. Baseando-se nesses dados, a Fundação Getúlio Vargas e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo, o Sinduscon-SP, estimam que o setor da construção civil no país deve ter um crescimento de 4% até o final de 2013.
Este crescimento traz grandes benefícios à economia do país, entretanto causa grandes impactos ambientais na mesma proporção, devido ao descarte inadequado de resíduos que pode poluir e contaminar áreas extensas. Os resíduos gerados pela construção civil representam 60% de todo o lixo urbano da sociedade, e desse total o gesso representa cerca de 5%.
Sua utilização na construção civil tem crescido numa proporção de 20%, anualmente, no Brasil, usado em placas para forros, sancas, molduras, rebaixamento de tetos e como componente de placas de reboco usadas para vedações internas. Se descartado incorretamente, o gesso pode emitir gás sulfídrico no ambiente, que é inflamável e altamente tóxico, além de contaminar o solo e os lençóis freáticos.
Mas a boa notícia é que a reciclagem de gesso na construção civil é plenamente viável, mantendo-se as mesmas características físicas e mecânicas do gesso convencional, e ainda possui um custo relativamente baixo. Na verdade, esta já se tornou uma medida obrigatória pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que em 2001 alterou a Classe B da resolução 307, que estabelece procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, incluindo o gesso na classificação de material para reciclagem obrigatória.
O processo de reciclagem de gesso começa com a separação dos resíduos que não foram utilizados ou que serão descartados nos canteiros de obras. O gesso deve ser separado dos outros materiais como madeiras, metais, papéis e armazenado em caixas com piso concretado ou em caçambas. Em ambos os locais, o material deve ser coberto e protegido de qualquer contato com água ou umidade.
Após a seleção é feito o transporte para as Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs), locais licenciados pelas prefeituras dos municípios onde estão instalados. Nas ATTs o material é triado, homogeneizado através de processos mecânicos, por fim os resíduos readquirem as características químicas da gipsita, a matéria prima do gesso, e podem ser utilizados novamente na cadeia produtiva.
A reciclagem de gesso na construção civil é uma ação relativamente recente, mas compatível com as exigências de sustentabilidade das atividades econômicas e de alta viabilidade, principalmente pela indústria cimenteira.