O fato de uma sacola plástica permanecer intacta no meio ambiente quase uma eternidade não é nenhuma surpresa (tem quem diga que ela leva 300 anos para se decompor, outros, 500 e até 800. De toda forma, é tempo à beça). Mas o que sempre surpreende são os números: 1 milhão de sacolas plásticas são usadas em todo o mundo a cada minuto. 3,4 milhões de toneladas são produzidas em toda a União Europeia, anualmente. Isso corresponde ao peso de mais de dois milhões de carros!
Tudo bem que aquelas sacolinhas usadas nas compras do supermercado são recicláveis, mas pelo próprio processo e custo da reciclagem, elas acabam virando lixo, pois não se biodegradam. Além de encher aterros sanitários, os sacos plásticos colocam em risco muitas facetas do meio ambiente, incluindo a vida marinha e a cadeia alimentar.
Os pássaros confundem-os com comida. As tartarugas, com águas-vivas. Os peixes comem milhares de toneladas de sacos plásticos por ano, transferindo-os para peixes maiores e mamíferos marinhos.
Os sacos plásticos acabam se quebrando em pedaços microscópicos, que os cientistas chamam de microplásticos – e são encontrados em quase todos os lugares: no solo, ar e até dentro da gente: estima-se que nós consumamos o equivalente ao tamanho de um cartão de crédito em plástico todas as semanas.
Vilã, sim, mas nem tanto
Embora a produção dessas sacolas use recursos como o petróleo, ela resulta em menos emissões de carbono, resíduos e subprodutos prejudiciais do que a produção de itens alternativos, incluindo até mesmo as famosas reutilizáveis. Além disso, as de plástico são usadas pelo menos duas vezes – uma vez voltando para casa e outra como saco de lixo – e isso também entra nos cálculos sobre quais opções são mais sustentáveis.
Alternativas melhores, pero no mucho
Sacolas de papel são mais fáceis de reciclar e, por serem biodegradáveis, podem ser compostadas. No entanto, a fabricação de uma sacola de papel consome cerca de quatro vezes mais energia para produzir do que uma de plástico, além dos produtos químicos e fertilizantes usados, que criam danos adicionais ao meio ambiente. Para uma sacola de papel neutralizar seu impacto ambiental em comparação com o plástico, ela teria que ser usada de três a 43 vezes – o que é praticamente impossível.
Sacos de algodão precisam ser reutilizados 131 vezes antes de reduzirem seu impacto sobre as mudanças climáticas na mesma proporção que as sacolas plásticas. Os sacos reutilizáveis são feitos de muitos materiais diferentes e o impacto ambiental dessa produção varia muito.
Sacos de polipropileno não tecido (PP) são outra opção bem popular e que têm um desempenho muito melhor nas métricas de sustentabilidade. Feitos com um tipo de plástico mais durável, precisam ser reutilizados cerca de onze vezes para se equilibrar com o impacto do plástico convencional.
No fim das contas, qual é melhor?
Como as sacolas reutilizáveis e de papel têm um alto custo ambiental inicial e as sacolas plásticas criam efeitos negativos maiores depois de serem usadas, fica difícil determinar qual tipo é realmente melhor. Os sacos plásticos são recicláveis. Mas, a pergunta é: faz sentido produzir algo que dura centenas de anos (literalmente!) para um uso tão efêmero?
Por isso, a escolha mais sustentável é a que você já possui. Isso porque reutilizar a sacola quantas vezes for possível (seja ela de plástico, papel ou outro material) e descartá-la de maneira responsável é a alternativa que mais colabora para reduzir os impactos no meio ambiente, já que isso significa menos lixo na terra e no oceano. Ou seja, não se trata da melhor opção, mas da atitude mais correta.