O destino do lixo produzido no Brasil e no mundo é uma das preocupações dos governantes. Ao longo dos anos muito se tem debatido sobre quais as melhores maneiras de descartar os materiais que não estão mais em uso, a reciclagem energética surge como solução para desativar definitivamente os lixões e aliviar os aterros sanitários que a cada ano ficam mais lotados, poluindo o ar e o solo com o chorume proveniente do lixo depositado.
No Brasil, 25% do lixo urbano produzido é reciclado por ano, porém, na separação ou triagem manual, apenas os materiais considerados nobres como: garrafa PET, plástico, vidro, metal, papel e isopor são recolhidos. Primeiro porque esses materiais valem mais na hora da pesagem e segundo porque eles já têm um destino e um processo de reutilização para a fabricação de outros produtos através da reciclagem.
Como funciona a reciclagem energética?
O processo de reciclagem energética se dá através da queima dos resíduos sólidos que após uma triagem não puderam ser separados para a reciclagem manual, que consiste em utilizar os resíduos para a fabricação de novos produtos. Materiais higiênicos, restos de comidas e principalmente plásticos.
O plástico é essencial nesse processo, uma vez que ao ser queimado ele é a principal fonte de energia para o funcionamento da reciclagem energética, um quilo de plástico corresponde a um quilo de diesel. Os resíduos são queimados em fornos industriais através de uma tecnologia que não permite que gases nocivos se propaguem na atmosfera, ao invés disso os gases são aspirados e utilizados para acionar energia térmica ou elétrica para o funcionamento da usina e da comunidade local. O material que sobra, cerca de 10%, é usado na fabricação de telhas e tijolos.
Vantagens
Esse tipo de utilização dos resíduos sólidos tem total amparo da ONU, inclusive a organização é uma das principais incentivadoras desse tipo de processo. O espaço exigido para a instalação de uma usina para a geração da reciclagem energética é bem menor do que os espaços ocupados pelos aterros, além disso, as usinas podem ser instaladas próximas aos centros urbanos, uma vez que a tecnologia usada não permite emissão de gases nocivos no ar, ao contrário dos aterros. Ou seja, uma economia também em transporte.
Os grandes centros urbanos como a cidade de São Paulo, por exemplo, eliminariam a problemática da falta de espaço para depositar seu lixo. Atualmente a cidade tem exportado todo o lixo que produz diariamente para outras cidades por falta de espaço para a criação de novos aterros e os já existentes estão totalmente saturados.
Brasil x Mundo
O Brasil produz atualmente 5,5% do lixo produzido no mundo o que em números representa uma quantidade de aproximadamente 61 milhões de toneladas por ano. Quase todos os aterros sanitários existentes estão ou já passaram do limite de uso e a cada dia está mais difícil encontrar locais para a instalação de novos.
A Alemanha é um exemplo de sucesso de reciclagem energética, hoje o país eliminou completamente o uso de aterros, já nos EUA cerca de 2,3 milhões de residências utilizam energia elétrica oriundas de usinas que fazem esse trabalho.
Um total de 35 países já implantaram usinas para a geração de energia através da combustão do lixo urbano. O maior número fica na União Europeia, que possui 420 usinas em funcionamento (em todo o mundo são 850 instalações), o que resultam em 10.000 MW de energia elétrica ou térmica adquiridas.
O desperdício dessa riqueza no Brasil parece estar com dias contados, pois, a Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos e a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais (Abrelpe) assinaram um acordo para implantação das primeiras usinas no país, visando às vantagens econômicas, ambientais, sociais e tecnológicas.