O uso do polimetilmetacrilato (PMMA) para procedimentos estéticos tem sido alvo de preocupação entre médicos e autoridades de saúde. Embora seja proibido para essa finalidade, a substância tem sido aplicada ilegalmente para aumentar lábios, seios e glúteos, muitas vezes por profissionais não habilitados e em estabelecimentos inadequados. Os resultados podem ser desastrosos, incluindo infecções graves, deformidades permanentes e até mesmo óbito.

O que é o PMMA e como funciona

O PMMA é um material sintético composto por microesferas semelhantes a um plástico acrílico. Quando injetado, ele se espalha pelo tecido da região e se torna rígido, proporcionando volume localizado. “O PMMA é bastante procurado por não ser absorvido pelo organismo, mas essa característica também traz riscos. Ele pode desencadear reações imprevisíveis a longo prazo, como processos inflamatórios crônicos e deformidades irreversíveis”, explica a cirurgiã plástica Patrícia Marques.

No Brasil, o PMMA para preenchimento subcutâneo é classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um produto de uso em saúde da classe de risco máximo, exigindo registro específico. Porém, a comercialização e aplicação irregulares continuam ocorrendo, colocando a saúde da população em risco.

Riscos e complicações do uso ilegal

Uma das principais preocupações em relação ao PMMA é a dificuldade de remoção em caso de complicações. “Diferentemente das próteses de silicone ou do ácido hialurônico, que podem ser retirados ou revertidos, o PMMA se integra aos tecidos de forma definitiva. Quando surgem problemas, muitas vezes é necessário recorrer a cirurgias complexas e extensas para tentar corrigir os danos”, alerta a médica.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as reações adversas ao PMMA podem ser imediatas ou tardias. A curto prazo, é comum ocorrerem edemas, processos inflamatórios, reações alérgicas e até formação de granulomas. Já a longo prazo, mesmo após anos da aplicação, podem surgir complicações graves e de difícil tratamento.

Indicações médicas e alternativas seguras

É fundamental ressaltar que o PMMA não possui indicação para fins estéticos. Atualmente, seu uso é restrito ao tratamento de casos específicos de lipoatrofia severa, sempre sob responsabilidade de médicos qualificados.

Para quem busca aumento de volume em regiões como seios e glúteos, as alternativas recomendadas são as próteses de silicone e a lipoenxertia, técnica que utiliza a própria gordura do paciente. Já para preenchimentos faciais, o ácido hialurônico específico é a opção mais segura e com resultados satisfatórios.

Independentemente do procedimento, é imprescindível uma avaliação médica criteriosa e individualizada. Além disso, os tratamentos devem ser realizados em estabelecimentos de saúde regularizados, como clínicas e hospitais, seguindo rigorosos protocolos de segurança e higiene.

Regulamentação e perspectivas

Atualmente, todos os produtos utilizados em procedimentos médicos e estéticos no país precisam ser registrados pela Anvisa, atestando sua segurança, eficácia e qualidade. A aplicação do PMMA é restrita a profissionais médicos habilitados, que devem seguir as orientações de dosagem e técnica estabelecidas pelo órgão regulador.

Visando aprimorar a regulamentação e coibir o uso indevido, a SBD e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estão elaborando um parecer técnico conjunto. O documento será apresentado ao Conselho Federal de Medicina e deve nortear as diretrizes para a realização desse tipo de procedimento no Brasil.

O uso ilegal do PMMA para fins estéticos representa um sério risco à saúde pública. Cabe aos órgãos reguladores intensificar a fiscalização e a conscientização da população sobre os perigos envolvidos.

Aos profissionais de saúde, é fundamental reforçar a importância da ética, da qualificação adequada e do compromisso com a segurança dos pacientes. Já aos indivíduos que buscam procedimentos estéticos, o alerta é para que valorizem sua saúde acima de promessas milagrosas e procurem apenas médicos e estabelecimentos regularizados.

Afinal, quando se trata do bem-estar e da integridade física, não há espaço para atalhos ou imprudências.

Com informações de: Revista Glamour