Um relatório divulgado recentemente pelo Climate and Clean Air Coalition (CCAC) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente mostra que as emissões de metano podem ser reduzidas em até 45% na próxima década. Essas reduções evitariam quase 0,3°C do aquecimento global até 2045 e ajudariam a cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
A análise é a mais abrangente elaborada até hoje e é um documento muito valioso, pois integra, pela primeira vez, os custos da poluição do ar e do aquecimento global e os benefícios da redução do metano. A redução de 45% evitaria 260.000 mortes prematuras, 775.000 visitas hospitalares relacionadas à asma, 73 bilhões de horas de trabalho perdidas ao calor extremo e 25 milhões de toneladas de perdas de safra por ano.
A pesquisa indica que a maioria das emissões de metano vêm de três setores: combustíveis fósseis, resíduos e agricultura. No setor de combustíveis fósseis, a extração, processamento e distribuição de petróleo e gás respondem por 23% e a mineração de carvão 12% das emissões. No setor de resíduos, os aterros e esgotos respondem de 20% das emissões. No setor agrícola, as emissões da pecuária de esterco e fermentação entérica são responsáveis por cerca de 32% e o cultivo de arroz por 8% das emissões.
Cerca de 60% das medidas para diminuir a emissão de metano (que pode chegar a 30% até 2030) são de baixo custo e 50% delas têm custos negativos, especialmente na indústria de petróleo e gás, o que significa que as empresas ganham dinheiro se as adotarem.
No entanto, só isso não é suficiente. Há outras ações que não visam exclusivamente o metano, como uma mudança para energia renovável, maior eficiência energética residencial e comercial e uma redução na perda e desperdício de alimentos podem reduzir as emissões de metano em mais 15% até 2030.
As emissões de metano causadas pelo homem estão aumentando mais rápido do que em qualquer momento desde que começaram a ser registradas na década de 1980. A boa notícia é que a pesquisa mostra que há uma ambição crescente dos governos de fazer mais para reduzir o metano. A União Europeia anunciou que planeja reduzir as emissões em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Quando participou, no mês passado, da cúpula virtual do clima organizada pelo presidente Biden, o líder chinês Xi Jinping garantiu que seu país começará a reduzir suas emissões a partir de 2030 e chegará a zero em meados do século. Ele disse também que “proteger o meio ambiente é proteger a produtividade.” Que bom, porque a necessidade de agir é cada vez mais urgente.