Na última coluna de dezembro de 2013, comentei que iríamos analisar alguns trechos da obra de Adam Smith -filósofo e economista-, intitulada “Riqueza das Nações “ (1976), sob a ótica da Sustentabilidade.

Smith é considerado o pai do Liberalismo Econômico e autor de outros livros como “Teoria dos Sentimentos morais”. Ele é sem dúvida, um marco filosófico das origens dos conceitos da formação das Riquezas das Nações. Ele desenhou com maestria o raciocínio sistêmico dos fundamentos econômicos (macro e micro), entre nações (administradores de riquezas), empresas e trabalhadores (que são os produtores de Riquezas).

Além dele, outro filósofo, Emmanuel Kant, também abordou na sua obra “Critica da Razão Pura e Critica da Razão prática”, o nascimento dos ensinamentos morais, éticos e sistêmicos da prática humana, os quais podemos falar nas próximas colunas. Mas temos a obrigação de falar em Sustentabilidade e também das causas ou fatores que cercam a questão, pois é o mesmo que falar de um conceito de uma bicicleta, e não falar da tecnologia de suas rodas.

Natureza
Foto: groundzero

Para explicar esse conceito é preciso falar das causas. Portanto, o que Smith chamava de Riqueza das Nações? Somente o dinheiro estava envolvido? O que poderia causar ou empobrecer uma nação? Ou ainda quais as causas do empobrecimento de uma economia (micro ou macro)?

São perguntas intrigantes que deveriam fazer parte do pensamento investigativo de qualquer pesquisador ou até mesmo de um leitor curioso. Afinal de contas, ensaiar um clássico literário no século XVI sobre temas como riqueza e pobreza, é o mesmo que falar nos motivos que sustentam uma sociedade.

Em Riqueza das Nações (volume I, pag. 422 – Ed. Martins Fontes), o autor diz que “os capitais aumentam pela parcimônia e se reduzem pela má administração e Prodigalidade”. Vemos neste pequeno trecho que a gestão (ou administração), é considerada um valor, ou seja, é uma competência que se mal aplicada, é sim causa de redução de patrimônio e da riqueza, ou seja da sustentabilidade.Concluímos pela mensagem direta de Smith, que a administração, seja ela pública ou privada, é um grande valor.

Saber administrar é o desafio para os profissionais de outras profissões que se aventuram nas técnicas da administração profissional. Trazendo aos dias atuais e aos códigos de ética modernos, é um enorme desafio aos administradores de empresas -sejam eles gestor empregado, empreendedor, consultor ou responsável técnico- , que terão de observar e fazer valer os princípios da Sustentabilidade Empresarial.

A Sustentabilidade é o equilíbrio entre as forças da disponibilidade da terra, das necessidades de seu povo, da capacidade de produção dos administradores, da riqueza distribuída e ainda, a competência pública em administrar e prover o ciclo de riqueza aos menos necessitados de forma a manter crescente o consumo.”

Outro assunto abordado pelo autor são os Valores Ambientais Sociais. Em outro trecho, na página 431, Smith define como sendo:

• “A produção anual da terra trabalho de nação, somente pode aumentar seu valor pelo aumento do numero de trabalhadores produtivos ou das forças produtivas empregadas”.

• “É somente por meio de um capital adicional que o empresário de uma oficina, pode fornecer aos seus operários, maquinaria aperfeiçoada, ou da distribuição adequada do trabalho que se aumenta riqueza;”

• “E que a boa administração de alguns acrescentou a essa produção mais do que lhe foi subtraído, pela má conduta ou pela extravagância pública do governo.”

Nesse ponto, Smith ilustra que valores ou riquezas são como distribuição de riqueza, emprego, renda, limites da Terra, boa administração, produtividade, adequação aos limites do homem e da terra, má conduta na administração e extravagância das entidades públicas.

Somos diretamente provocados a encontrar nestes dois pequenos trechos do ensaio do economista, que a riqueza das nações devem observar o equilíbrio entre a disponibilidade de recursos da terra, a forma com é administrado, e a riqueza que é gerada e distribuída. Dessa forma, os ciclos econômicos se baseiam entre os pilares de recurso, produção, esforço do trabalho, lucro, poupança e consumo.

Vemos ao longo do livro que a preocupação dele é estabelecer harmonia entre todas estas questões. Mesmo nos mais diferentes assuntos abordados, encontramos sua preocupação em alertar para o equilíbrio entre RIQUEZA e MANUTENÇÃO DA RIQUEZA. Em resumo, de nada adiantaria obtermos riqueza, sem que planejássemos a manutenção dela. Portanto, destaco a palavra chave “equilíbrio” para elencar as a metodologia do autor.

E quais conclusões tirar da análise dessa obra de Adam Smith?

A Sustentabilidade é o equilíbrio entre as forças da disponibilidade da terra, das necessidades de seu povo, da capacidade de produção dos administradores, da riqueza distribuída e ainda, a competência pública em administrar e prover o ciclo de riqueza aos menos necessitados de forma a manter crescente o consumo.

O Equilíbrio entre a capacidade de geração de riqueza da Terra deve ser suficiente a proporção de consumo e as necessidades de subsistência, de forma a manter preços, lucro e necessidades atendidas, equilibradas.

Os valores sociais e ambientais devem ser respeitados, incluindo aos princípios de ética na forma de administrar e que a falta de ética destrói qualquer sistema econômico constituído.

A distribuição de riquezas, através dos salários e subsistência garantida, é a chave para que os ciclos econômicos se mantenham de forma bem distribuída.

E para responder as perguntas iniciais deste artigo, concluindo que Adam Smith falava ao longo de toda sua obra, em uma visão ampla de equilíbrio.

Em próximo artigo, conversaremos um pouco sobre os motivos de fracasso das nações, e comentar um pouco sobre a Obra de DaronAcemoglu e James Robinson – professores de Administração e Economia do MIT e Harvard University.E ainda, abordar a obra de Príncipe Charles (HARMONY) e falar um pouco mais sobre o conceito do Equilíbrio.

Até lá!