As principais capitais brasileiras estão enfrentando um grande desafio para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU. Um levantamento realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) revela que cinco das dez capitais mais populosas do país precisariam cortar mais da metade do volume de suas emissões líquidas para alcançar o objetivo proposto.
A Agenda 2030, estabelecida em 2015 pelos Estados-Membros da ONU, fixou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre eles, está a meta de reduzir as emissões líquidas de gás carbônico para 0,83 tonelada por habitante.
O estudo do ICS, baseado no Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), apresenta dados preocupantes. Manaus lidera o ranking com 3,06 toneladas por habitante, seguida pelo Rio de Janeiro (2,03) e Belo Horizonte (1,82). Salvador apresenta o melhor desempenho entre as capitais analisadas, com 1,19 tonelada por habitante.
Especialistas como o biólogo Conrado Galdino, da PUC Minas, e o professor Marco Antonio Milazzo, do Ibmec Rio de Janeiro, destacam que, embora muitas ações dependam dos governos estaduais e federal, as prefeituras têm um papel crucial na redução das emissões. Eles apontam três principais áreas de atuação municipal:
- Transporte: Investimento em modais menos poluentes, como ciclovias e transporte público elétrico ou movido a hidrogênio.
- Consumo de energia: Adoção de medidas para economia de energia e investimento em fontes renováveis, como energia solar e eólica.
- Gestão de resíduos: Eliminação de lixões e investimento em aterros sanitários.
Além disso, os especialistas enfatizam a importância da educação ambiental para sensibilizar a população e criar uma sociedade mais propensa a aceitar mudanças necessárias para um desenvolvimento sustentável.
Infelizmente, algumas capitais, como Belo Horizonte e Vitória, têm registrado aumento nas emissões nos últimos anos, contrariando a tendência desejada. Em Belo Horizonte, por exemplo, as emissões atingiram 1,82 tonelada por habitante em 2022, o pico registrado desde 2015.
Os especialistas também alertam que, embora medidas como arborização e criação de áreas verdes sejam importantes para o conforto urbano, elas têm impacto limitado na captura de carbono. Ações mais efetivas, como a reorganização do transporte público e a transição para veículos menos poluentes, são necessárias.
O cenário atual demanda atenção urgente dos candidatos às eleições municipais. Contudo, observa-se que a pauta ambiental e, especificamente, a questão das emissões de gases de efeito estufa, nem sempre recebem a devida prioridade nos debates eleitorais.
Para reverter essa situação e alcançar as metas estabelecidas, é fundamental que as administrações municipais, em conjunto com a sociedade civil, priorizem políticas públicas voltadas para a redução das emissões. Só assim será possível construir cidades mais sustentáveis e alinhadas com os objetivos globais de combate às mudanças climáticas.
Com informações de Notícia Sustentável