© Depositphotos.com / PiXXart A chamada “água negra” passa por decomposição e fermentação em tanques antes de serem absorvidas e transpiradas pelas plantas.

O estado de São Paulo tem enfrentado uma crise hídrica grave, que impacta na vida de milhões de pessoas todos os dias. Essa falta de água tem feito com que muitas pessoas criem soluções dentro da própria casa ou prédio para reaproveitar e economizar o recurso. Neste contexto, uma iniciativa que vem se destacando é a permacultura, que busca usar os recursos encontrados no próprio local como alternativa para fazer outras atividades.

Uma casa localizada no Campo Belo, zona sul da capital paulista, utiliza esse tipo de técnica, que deixa a natureza entrar em ação por si só. No local, o esgoto do banheiro é tratado no quintal, em vez de ir parar no córrego ou no rio.

Para os sete moradores da residência, a adoção de um sistema alternativo de tratamento de esgoto, algo comum em áreas rurais e sem rede de saneamento, em uma cidade como São Paulo não deve ser encarada como um problema ou algo sobrenatural. Isso porque, o sistema de esgoto brasileiro não é considerado funcional por especialistas e acadêmicos, já que tudo flui para o rio.

No entanto, eles afirmam que é preciso, primeiro, olhar tudo o que existe em casa como uma oportunidade, isto é, deixar de enxergar o lixo apenas como lixo, já que a partir do momento em que é processado, se transforma em outra coisa.

A título de exemplo está o tratamento do esgoto do banheiro realizado na casa. No processo, as fezes dão origem à banana e vapor de água, que ajuda na formação de nuvens de chuva, ou seja, o tratamento das “águas negras”, que vem do vaso sanitário, é feito em um pomar instalado no meio do quintal. No local, há folhas de bananeiras e, embaixo delas, sob a terra onde estão as plantas, a água que veio do vaso extravasa por um cano.

Reprodução / UOL Bacia de evapotranspiração.

Ao contrário do que se imagina, não existe mau cheiro ou água empoçada, já que antes de chegar ali, o esgoto se decompõe e é fermentado em tanques hermeticamente fechados – segundo os moradores, a maior parte do resíduo encontrado no vaso sanitário, misturado com a água da descarga, é líquida, o que facilita a limpeza. O processo elimina as bactérias que causam doenças, presentes nas fezes humanas.

A bananeira dá o destino final, e correto, para a água tratada do esgoto, transpirando-a na forma de vapor, sem nenhum contaminante. O sistema ganha o nome de bacia de evapotranspiração.

Apesar da higienização, por precaução não é recomendável comer nada que entre em contato direto com a terra. No entanto, as bananas ou outros frutos e folhas de plantas altas podem ser consumidos.