Em Santa Cruz do Sul (RS), Jason Duani Vargas, engenheiro de produção, sensibilizado com a situação precária dos animais utilizados por catadores de materiais recicláveis para transportar cargas de peso excessivo elaborou uma forma de evitar a exploração da força dos bichos ao desenvolver o Cavalo de Lata, um veículo elétrico urbano para coleta seletiva.
Frequentemente, profissionais que recolhem lixo pelo Brasil usam cavalos para puxar carroças, no entanto, a intensa e repetitiva atividade é prejudicial à saúde deles. Porém, há também aqueles trabalhadores que conduzem os carros sobrecarregados com o próprio esforço e, obviamente, acabam sofrendo com lesões variadas.
Iniciado no final de 2012, o empreendimento de Jason visa dar conforto e melhores condições aos profissionais que trabalham com a coleta seletiva; prevenir acidentes de trânsito, já que é perigoso manter animais entre a movimentação dos pedestres e carros, além de reduzir o número de animais afetados por maus tratos.
Montada a partir de peças de motos e bicicletas sobressalentes nas oficinas mecânicas das proximidades, a estrutura funciona à base de energia elétrica, ou seja, não emite gases poluentes e pode ser recarregada. Ligado a um kit de baterias de 48 volts, o sistema é capaz de circular cerca de 40 a 60 quilômetros numa velocidade aproximada de 25 km/h.
O Cavalo de Lata é eficiente energeticamente, pois, conta com lâmpadas de LED e demanda valores entre R$ 0,02 e R$ 0,06 de eletricidade por quilômetro rodado. Além de ecologicamente correto, o modelo também se preocupa com a segurança dos condutores, pois, foram instalados cintos de segurança, freios a disco, sinalizadores laterais e faixas reflexivas seguindo as medidas determinadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN).
Com potencial para transportar duas pessoas e até 500 kg de carga, o engenho sustentável de Jason está sendo divulgado com o auxílio da publicitária Ana Paula Knak, pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) em seu 4º Ciclo de Debates.
O intuito é conseguir parcerias para baratear os custos da produção em massa do automóvel, que atualmente está por volta de R$ 12 mil. Por isso a “versão metálica do cavalo” já foi exposta por diversas cidades brasileiras, como Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Fortaleza (CE), próxima de chegar aos arredores de Campinas (SP).
Porém, a ideia de Jason e Ana necessita que o DENATRAN e as unidades do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) estabeleçam leis permitindo o tráfego deste tipo de veículo, uma vez que não há um código específico para casos como este. Benéfico ao meio ambiente, o Cavalo de Lata evita que profissionais da coleta seletiva se machuquem, protege a saúde dos animais, reduz acidentes no trânsito e permite que os materiais recicláveis sejam recolhidos sem que nenhuma “sujeira” fique para trás.