Embora tenha surgido no século XII, no sudoeste da Alemanha, a cidade de Freiburg pode ser considerada a metrópole do futuro, ou pelo menos figura entre as áreas urbanas mais desenvolvidas em termos de sustentabilidade no mundo inteiro. Como? Utilizando a energia solar para atender a demanda da população e expandindo rotas de ônibus elétricos e ciclovias por suas ruas e avenidas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o município do estado de Baden-Württemberg precisou ser reconstruído e incluiu medidas de preservação ambiental e conservação de recursos naturais. Em 1986 foi criado um plano para proteção climática, revisado em 1996. Porém, já na década de 70, os moradores de Freiburg protestaram contra a implantação de um complexo atômico no centro urbano, algo que prejudicaria a agricultura da região. Ou seja, a parceria entre governo e população fez com que a consciência ecológica chegasse às próximas gerações.
Grande parte dos imóveis dos 220 mil habitantes são adeptos do conceito de “casa passiva”, no qual a construção possui isolamento térmico, algo que mantém a temperatura constante, e janelas amplas com três lâminas de vidro e sacadas projetadas para iluminar os ambientes sem prejudicá-los por raios de Sol em demasia. Edificações deste tipo são 10% mais caras em relação a obras comuns, porém consomem apenas 10% do que gastariam as regulares.
Numa cidade com 500 km de ciclovias e 200 mil bicicletas, medidores de poluição são espalhados só para evidenciar o baixo nível de emissão de CO2. Como em Freiburg circulam cerca de 100 mil automóveis, ou seja, metade da frota de bikes, o governo determina que os veículos atinjam apenas 30 km por hora e cobra até R$ 50 mil em vagas para estacionar carros. Entretanto, transporte não parece ser problema para a “metrópole mais sustentável do mundo”, pois o local possui diversas linhas de bondes elétricos de instalação barata e adaptados para receber os ciclistas.
Freiburg aproveita suas 1.800 horas de Sol a pino com aproximadamente 1.800 painéis fotovoltaicos espalhados por 400 metros. Até o Mage Solar Stadium, campo de futebol do time da cidade, fornece um serviço de primeira: funciona como usina solar e abastece 9 mil residências.
Vauban: um bairro ecologicamente correto
O estilo de vida sustentável dos alemães ficou ainda mais visível após a construção do bairro de Vauban, no município de Freiburg, projeto do arquiteto Rolf Disch, referência em obras que utilizam energia do Sol. Anteriormente, o terreno pertencia a uma base militar francesa no período da Segunda Guerra Mundial, desativada após a queda do muro de Berlim, em 1989. Entre 1997 e 2006 foram concluídas as construções das 2 mil moradias da vila, lar de 5 mil pessoas atualmente.
Os imóveis de Vauban contam com estruturas térmicas similares as de Freiburg, porém, possuem placas solares em seus telhados, que suprem ao menos 20% da eletricidade demandada pela população local. As casas são planejadas para funcionarem como usinas, isto é, a energia excedente é repassada à rede pública, tal ação reduz os preços impostos pela companhia energética. Portanto, com tantos benefícios à disposição, o Brasil também poderia aderir à causa, afinal não faltam horas ensolaradas.