Como será a relação entre pessoas, consumo e energia no futuro? Muitas respostas podem surgir quando pensamos nas melhores soluções, porém de maneira prática, a energia solar é um caminho real e que já começa a apresentar grandes resultados ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil. Um bom exemplo dos esforços direcionados para mudança da matriz energética no país vem de Minas Gerais, onde a maior planta de energia solar da América Latina será instalada nos próximos três anos. A região mineira escolhida foi Pirapora, norte do Estado.
A responsável pelo projeto é uma empresa recentemente fundada e que nasceu justamente para trabalhar com energia solar, a Sunew. Esta é a única empresa em todo o continente americano com tecnologia de produção que permite a criação de células fotovoltaicas em material flexível. O modelo tradicional trabalha com placas rígidas. Sempre é válido relembrar que captação da luz solar é feita por tais células.
Investimentos no Brasil
Cerca de R$ 600 milhões. Este é o valor que Solatio Energia (Espanha) já investiu em energia solar no Brasil em projetos de ampliação da usina geradora de Pirapora e que tem como perspectiva o começo de geração de energia elétrica em 2018. Até lá, os investimentos devem ultrapassar R$ 1,3 milhão. Hoje, a capacidade de usina já é de gerar 240 megawatts (MW).
Também há a expectativa sobre a instalação de uma usina de energia fotovoltaica em Minas Gerais. Segundo a Cemig, o interesse pode representar investimentos na casa de R$ 4 bilhões. “A Efficientia (empresa da Cemig) atua em projetos de geração distribuída com fotovoltaica, como os condomínios em associação com o grupo Algar, em Uberlândia”, afirmou Alexandre Heringer, presidente da Efficientia, ao jornal O Tempo.
Produção e incentivos fiscais
Minas Gerais é o estado com mais usinas de micro e minigeração de energia em todo o Brasil, sendo a unidade da federação responsável por mais do que o dobro de produção de energia solar, em comparação ao segundo estado brasileiro na lista, isso de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Mesmo com ótimos resultados, o Estado não integra o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). “Minas perdeu a dianteira do incentivo para os Estados que já assinaram o convênio que garante a isenção do ICMS”, afirma Rodrigo Lopes Sauaia, diretor executivo da Absolar.
Vale a pena reforçar que Minas Gerais foi o Estado pioneiro na criação de incentivos fiscais para incentivar o crescimento da indústria de energia solar no Brasil. “Hoje só garante a isenção por um período, mas os outros Estados garantem isenção pelo tempo de vida útil da usina, ou seja, 25 anos”, afirma Sauaia. Neste cenário, e segundo o deputado estadual Gil Pereira (PP), a batalha por melhora nas condições deve continuar. “Estamos lutando com o (governador) Pimentel para que seja assinado o convênio”, afirmou Pereira, que também é presidente da comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Inaugurações e o futuro da energia solar em Minas Gerais
Nesta altura do post você pode estar se perguntando: Por que tantas usinas de energia solar em Minas Gerais? O motivo é bem simples: o Estado recebe insolação (quantidade de energia solar) em níveis que podem superar o Nordeste, dependendo da região. “A radiação solar de Minas Gerais mostra um grande potencial para a implantação de sistemas solares fotovoltaicos”, complementou Alexandre Heringer Lisboa, presidente da Efficientia, empresa de eficiência energética da Cemig.
Outro ponto fundamental para instalação de usinas de energia solar em Minas é a infraestrutura existente no entorno. “Uma vantagem de Pirapora é que lá as linhas de transmissão já existem”, diz Gil Pereira. Já a espanhola Solatio (responsável pela usina de Pirapora) ressalta que a geografia local, pontos de acessibilidade e diferenciais logísticos são fatores determinantes para a escolha do Estado como foco dos investimentos.
Geração de energia por todos os lados
De acordo com Sunew, a nova tecnologia de painéis orgânicos permite a aplicação das células fotovoltaicas em diferentes superfícies, como a fachada de um prédio ou mesmo o teto de um automóvel. Segundo a empresa, tal inovação é exclusiva no Brasil e com resultados eficazes em outros países, como Coreia do Sul, Alemanha e Japão.
Chamados de OPV, os painéis orgânicos são leves, flexíveis e ao mesmo tempo muito resistentes, permitindo a aplicação em diferentes situações. “O OPV não compete diretamente com o silício, ele é complementar. Uma célula de silício dura 25 anos; eu também consigo fabricar um produto com essa durabilidade, mas, dependendo do uso, não preciso. A capa de um tablet, por exemplo, não precisa de tanto tempo, e eu posso criar um material mais barato e menos durável”, explica Marcos Maciel, CEO da Sunew.
Sobre as vantagens do modelo, o CEO ressalta que o peso reduzido permite a aplicação da tecnologia em diferentes pontos. “Enquanto uma célula de silício pesa 25 kg, o meu painel pesa 0,5 kg, por isso posso desenvolver projetos, como estamos fazendo com a Fiat, para colocar painéis no teto dos carros. Imagina deixar o carro no sol a uma temperatura de 30°. Se um ventilador ficar ligado, sendo alimentado pela energia solar, quando você voltar a temperatura dentro do carro vai estar muito mais amena”, defende Maciel.