Nos últimos anos observamos uma obsessão pela palavra sustentabilidade nos meios corporativos. Tudo o que faziam era sustentável e as campanhas de comunicação em sua grande maioria, informava em alto e bom som esta condição. Foi uma grande febre que pecou e muito pela superficialidade. Todos se diziam sustentáveis, mas poucos compreendiam o que isto significava na sua forma mais técnica e aplicável. E neste “oba-oba”, o que mais vimos foi um grande e intenso greenwashing que maquiava propostas e supervalorizava ações. Não é preciso dizer que estas propostas foram desmoronando sozinhas pela fragilidade e pela pouca consistência que tinham, e hoje já não encantam ninguém que tenha um pouco de visão crítica.
Como tudo evolui, vivemos no momento um processo de depuração, onde a falsa sustentabilidade já não se sustenta mais apenas com discursos ou abordagens tímidas e populares. O mercado quer comprovação do que se fala, e ganha respeito aqueles que provam ter a sustentabilidade aplicada no dia a dia da sua organização, como um valor presente norteando decisões, das mais simples as mais complexas. Estamos falando de respeito e de reputação, o que não se constrói do dia para noite, e sim, dia após dia. Com regularidade, coerência e comprovação.
A empresa que incluí os princípios e diretrizes da sustentabilidade em sua administração tem boas práticas em todo processo, quer seja para admitir, demitir, investir, relacionar, promover, produzir, distribuir, consumir, etc. São PJs (pessoas jurídicas) que fazem a diferença onde atuam e, principalmente, na forma como atuam. Ganham confiança pela coerência, ética e regularidade, e constroem uma boa reputação ao longo do tempo, assim são percebidas como tal pela sociedade.
A sustentabilidade é um valor que deve estar inserido nas práticas que levam a uma condição de equilíbrio entre o social, o ambiental o econômico e o cultural. Por isto é primordial que a empresa tenha boas práticas nos diversos recortes da sustentabilidade que por natureza é múltipla, plural e diversa.
A sustentabilidade sem práticas não existe e fica restrito ao campo da retórica
Há 12 anos venho realizando o Programa Benchmarking Brasil, um selo de sustentabilidade que certifica as melhores práticas das organizações brasileiras. Neste período tenho aprendido muito quando olho para os resultados do programa, a começar pela sinergia entre sustentabilidade e competividade. Vejo que reputação se conquista com regularidade e coerência, e sustentabilidade também; que bom relacionamento com stakeholders se conquista com confiança, diálogo e transparência, e sustentabilidade também; que inovação se conquista com excelência, e sustentabilidade também; que melhoria contínua se conquista com aprendizado e esforço, e sustentabilidade também; que crescimento se conquista com tudo isto e mais um pouco, e sustentabilidade também.
Nos últimos anos observamos uma obsessão pela palavra sustentabilidade nos meios corporativos. Tudo o que faziam era sustentável e as campanhas de comunicação em sua grande maioria, informava em alto e bom som esta condição. Foi uma grande febre que pecou e muito pela superficialidade. O mercado quer comprovação do que se fala, e ganha respeito aqueles que provam ter a sustentabilidade aplicada no dia a dia da sua organização, como um valor presente norteando decisões, das mais simples as mais complexas. Estamos falando de respeito e de reputação, o que não se constrói do dia para noite, e sim, dia após dia. Com regularidade, coerência e comprovação.”
Quando olho para o Banco Digital de Boas Práticas Socioambientais do Programa Benchmarking Brasil vejo 279 práticas que fizeram crescer suas organizações e que ajudaram na construção e fortalecimento de suas reputações, dos seus relacionamentos, e da sua competitividade.
Como as empresas estão aplicando as práticas de sustentabilidade?
Também não poderia deixar de citar outras particularidades preciosas que o Benchmarking Brasil nos apresenta para fundamentar nossas reflexões. O Programa registra o nível de amadurecimento das organizações nesta área do conhecimento corporativo. É como se fosse uma fotografia do comportamento das empresas para com estas questões, por exemplo: 1) Poucas empresas conseguem ter fôlego para emplacar novas práticas a cada edição, comprovando sua constância, inovação e comprometimento. 2) Existem empresas que comprovam convergência entre discurso e prática, ou seja, que são legítimas quando falam, porque também provam. 3) Temos alguns ramos de atividades mais engajados ou mais avançados nesta questão, e pequenas empresas, até mesmo ONGs, podem ter excelentes práticas de sustentabilidade, desmitificando o tabu de que apenas as grandes se preocupam com esta questão.
No programa Benchmarking Brasil, em 11 edições já realizadas, tivemos 162 instituições com práticas certificadas. Destas, aproximadamente 9% são do terceiro setor, 13% pertencentes ao primeiro setor (governo). Mas, é a iniciativa privada (segundo setor) que lidera com aproximadamente 78%.
Outros registros que esta importante fotografia da gestão socioambiental brasileira nos proporciona é referente ao cenário das temáticas preferidas e dos ramos de atividades mais engajados. Em relação às temáticas gerenciais, as que mais tiveram práticas certificadas foram, em primeiro lugar, Educação, Informação e Comunicação Socioambiental, com 30%; e, em segundo lugar, Políticas e Ferramentas de Gestão, com 18%. O que nos faz acreditar que primeiro se educa e aprende, e depois se desenvolve modelos para colocar em prática.
Já em relação aos ramos de atividade, temos uma variedade de participações. Dos 26 setores que tiveram empresas representadas no Programa Benchmarking, os que tiveram maior contribuição de práticas certificadas foram: 1º) Energia (11%); 2º) Mineração, Alimentos e bebidas empatados, com 9%; 3º) Química e Petroquímica (7%). Os outros 22 ramos de atividades têm participação variada entre 0,5% e 6%.
As práticas Benchmarking são publicadas em livros, revistas e no Banco Digital de Boas Práticas com livre acesso na internet, além de apresentadas em encontros técnicos para um público especializado. Isto contribui para a transparência das relações, gera confiança e acelera o processo de percepção do mercado para com quem realmente está fazendo a lição de casa no quesito “sustentabilidade” e, principalmente, como isto acontece na prática, porque o foco do Programa Benchmarking está no “modus operandi” de cada prática certificada.
O mercado não precisa e nem acredita mais em discursos e oba-oba sobre sustentabilidade, mas aposta em quem tem boas práticas que melhoram o dia a dia das pessoas e que respeitam sua inteligência. Parece fácil, mas não é. Poucos conseguem ser “Benchmarking” e poucos conquistam o mercado pela reputação construída dia após dia com a sustentabilidade aplicada em seus negócios.
Portanto, sustentabilidade não é mais percebida como fruto da liberdade poética ou do assistencialismo, mas como seriedade, transparência, inovação e competência. Simples assim, se é competitivo e confiável, também será sustentável.