A quarta edição do Greenbuilding Brasil, que começou ontem e termina nesta sexta-feira, já trouxe dados relevantes do mercado de construção sustentável no país e contou com time de especialistas que alertaram as empresas sobre a importância da certificação LEED nos edifícios. Os principais destaques do primeiro dia de evento ficaram por conta do projeto de bairro sustentável em São Paulo e do novo prédio da Cidade Universitária que terá vidros fotovoltaicos.
O mercado de construção sustentável no país chegou a movimentar R$ 22 bilhões no ano passado, de acordo com estudo do GBC Brasil sobre o PIB Verde nacional, que tem como base o PIB brasileiro de edificações. Em 2010, os “prédios verdes” não ultrapassavam 3% dessa marca, um percentual que dobrou no ano seguinte e chegou a 9% em 2012. Os dados revelaram que tem crescido o empenho das construtoras em executar projetos que se baseiem no mínimo impacto ao meio ambiente e do planejamento urbano que visa a integração da sociedade ao conceito de sustentabilidade.
Prédio com vidros fotovoltaicos geram energia elétrica
Um exemplo do crescimento deste setor da construção e o empenho na busca deste selo é o projeto de Marcelo Romero, professor da FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – exibido na feira, que mostrou o planejamento do prédio que pretende consumir a menor quantidade possível de energia elétrica, usando um método de climatização e vidros fotovoltaicos.
O projeto do prédio no complexo universitário da USP gera energia elétrica através de um sistema que retém a luz do sol durante o dia para utilizar a energia à noite, a mesma tecnologia usada nos painéis solares. “A ideia é que toda a demanda de energia do edifício venha de energia limpa”, explica Romero.
Atualmente existem prédios em São Paulo com consumo de 7 kWh/m² por mês até 40 kWh/m² por mês. No projeto do especialista, que está em fase de licitação, o edifício terá consumo de 2,5 kWh/m² por mês. Sobre a produção de energia, a ideia do projeto é que o edifício seja um ZEB – Zero Energy Building – que consegue enviar à rede elétrica sua produção excedente vinda do trabalho dos vidros fotovoltaicos.
Os vidros também impedirão a entrada de radiação solar, que fará a temperatura interna cair. Este efeito de climatização do ambiente esfria as paredes no começo do dia. Outra instalação irá aumentar a circulação de ar resfriado do prédio que pretende atingir somente de 24°C.
Cidade sustentável dentro de São Paulo
A metrópole paulistana vai ganhar o Parque da Cidade, um centro comercial e residencial sustentável na Marginal Pinheiros. Este empreendimento contará com coleta de lixo a vácuo, transporte de emissão zero de gás carbônico e sistema de biorretenção de água. A bicicleta será o principal meio de transporte do local, pois não emite C02 e permite o deslocamento pelas ciclovias construídas no entorno do projeto.
O complexo vai contar com um sistema de reciclagem subterrânea capaz de separar os resíduos para a reciclagem, evitando que este volume de lixo vá para os aterros, como já acontece na cidade de Estocolmo, na Suécia. Além disso, os 630 mil metros de área vão abrigar cinco prédios empresariais e residências que utilizarão luz solar e áreas de lazer para que as pessoas morem e trabalhem no mesmo lugar. “O objetivo é fomentar a convivência entre as pessoas”, relata Saulo Nunes Filho, diretor de Incorporação da Odebrecht, responsável pelo projeto.
O Parque da Cidade ainda conta com um sistema de biorretenção da água da chuva, capaz de reter 100% da água e encaminhar 50% dela para as galerias pluviais de São Paulo. Outra solução para a economia de água é a descarga a vácuo que pretende gerar economia de R$ 2 milhões, por ano, segundo o diretor.
Além destes destaques, os especialistas em eficiência energética e alternativas sustentáveis presentes no evento ontem também alertaram para a criação de uma consciência ecológica entre a sociedade, grupos privados e estatais. Para Paul Hawken, ambientalista norte americano que falou sobre a tendência das construções ecológicas, “é hora de mudarmos conceitos sobre arquitetura e não falar apenas de prédios verdes, mas cidades. E precisamos amar a vida, pois a solução reside na natureza. Este é o começo, e não o final”.